O Povo e o Poder

3/8/2006
Daniel Silva

"Se não são mais permitidas críticas construtivas nesse espaço, por favor, não leiam o resto... Não conheço o Prof. Goffredo Telles Jr., nem mesmo suas obras, mas a julgar por esse trecho transcrito, entendo que o autor analisa equivocadamente a questão e a trata de modo pueril e demagógico. O autor se utiliza de diversos clichês e lugares-comuns que refletem o tipo de pensamento de 'massa' contra o qual luta. O último parágrafo transcrito (que parece ter sido escrito por um adolescente, que acabou de conhecer os ensinamento maravilhosos do engodo marxista, em exame vestibular) é exemplo claro disso. Em resumo apresenta a idéia de que 'o Executivo está errado e é malvado. É preciso que ele crie consciência disso e fique bonzinho e beneficie o povo'. Ignora-se de forma completa que o Executivo está no poder por opção do povo. Defende-se a idéia (implícita) de que o Executivo é formado por seres enviados do espaço e não por seres humanos e cidadãos brasileiros com os quais convivemos dia a dia. Passa-se a idéia de que políticos são mercadorias oferecidas a nós por empresas (Partidos), que depois de escolhidos, apresentam defeitos ou imperfeições e a empresa produtora não oferece garantia contra escolhas mal-feitas. Não iria ficar admirado se o autor propusesse a criação de algum órgão que pudesse fiscalizar ou orientar o Executivo, sempre encoberto pelo argumento de democracia, apartidarismo, benefício público e outros engodos para a 'massa'. Extraio do texto a idéia de que o Executivo não funciona por algum motivo vergonhoso que é adquirido quando se toma posse do cargo, quando na verdade todos os valores que os políticos possuem foram apreendidos durante a sua vida em meio a sociedade brasileira. Incorre-se no erro, já velho, do brasileiro de atribuir a culpa de tudo a terceiros. Ninguém precisa mudar, quem tem que mudar são os outros. Ou seja, esse é o foco de todo o problema relatado pelo autor. Todo (figura de expressão) brasileiro se acha certo, os outros é que estão errados. O certo tem que corrigir o errado. Isso é uma máxima superior a qualquer Constituição ou Lei. Políticos crescem nesse ambiente e, quando se elegem, o povo fica espantado ao ver que o político pensa que ele está sempre certo e que o povo está errado. Por isso, o político pensa que precisa tomar atitudes (ainda que inconstitucionais) para corrigir o povo, que incorre em erro (independente de o erro ser deliberado ou não - geralmente apela-se para a falta de educação, de renda ou qualquer demagogia do tipo). O povo (no sentido de cada indivíduo reunido a outros com a mesma idéia), ao contrário, acha que está certo e que o Executivo (político) é que está errado. O embate irá permanecer para sempre, por causa de um simples problema: A culpa é sempre dos outros. Solução? Simples: O Certo (povo - na realidade representado por intelectuais de grande publicidade como o autor - que ao final é uma grande hipocrisia ante o pedido de mais 'Demcracia Participativa') deve corrigir o Errado (Executivo) participando da direção e controle do Governo. Cria-se um órgão vergonhosamente e inveridicamente chamado de legítimo, que não passará por um processo de referendo (ou seja, desrespeitando a 'Democracia Participativa' requisitada pelo autor) e que irá representar a 'vontade do povo' (como se esse já não fosse o pressuposto do Executivo). No final das contas, descobrimos que a solução do problema é atribuir privilégios e poder a mais algumas pessoas para que a situação continue a mesma. Ou seja, voltamos ao ponto em que as pessoas buscam somente o poder e escondem esse tipo de sentimento por trás do véu da 'retidão, ética e do benefício ao povo' (ainda que legítimo) por achar que 'Ele está certo e o resto está errado'."

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