Pneu

8/8/2006
Antônio Carlos de Martins Mello – Fortaleza/CE

"(Migalhas 1.470 – 7/8/06 – "Pneu"). A OMC, tendo à frente a China, o Brasil e a Austrália, está remexendo nas regras praticadas no comércio internacional pela prepotência européia e norte-americana, tendo em vista principalmente acabar com certos subsídios e barreiras alfandegárias, para respeitar a Rodada de Doha, capital do Reino do Qatar. A proibição de importação de pneus usados em geral, por exemplo, é um dos muitos sofismas (ou falácias, como queiram)  dos fabricantes de pneus no Brasil, que – eles próprios! - importam carcaças em geral, mandam lucros para suas matrizes mediante a simples recauchutagem e mentem ao queixar-se manhosamente da agressão ao meio ambiente, segundo eles causada pelos pneumáticos que importamos por preços irrisórios. Eles não explicam que, nos países frios, muitos pneus são descartados pela mudança radical das estações, que exige calçados novos e distintos em cada clima para os autos, mesmo com pouco uso e sem condições de depósito nas residências ou sedes diminutas: entregam esse refugo a preço vil (um dólar, um euro, algo simbólico, para fins contábeis ou de simples registro), que os importadores brasileiros ou de outras plagas podem selecionar como desejem, é claro. Com o detalhe de que, capazes de rodar cem mil ou mais quilômetros, grande parte deles (eis a parte importável) concorre com os nacionais em maior durabilidade e menor preço. Em outras palavras, por preço favorável ao usuário, consegue-se importar pneus usados que duram mais que os 'novos' daqui e que, portanto, produzem menos poluição pela menor freqüência de rejeito nos aterros e lixões. A economia dos meios de transporte é evidente. Para julgar favoravelmente uns casos desse tipo, tive um dia a preocupação de consultar gente do ramo,  naturalmente sem me identificar como juiz, passando a saber que um deles, tendo estado em pré-falência, dado o alto preço dos pneumáticos e a péssima conservação de nossas rodovias,  recuperou-se através da importação do produto, mais durável e de preço muito inferior, obtendo o meio-ambiente um resultado extra, muito ao invés do que apregoam as mentiras. Será que o Congresso brasileiro vai embarcar nelas?"

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