Mais Médicos

23/11/2018
Milton Córdova Junior

"O recente imbróglio envolvendo o programa 'Mais Médicos' trouxe à tona um grave problema: a ausência ou escassez de médicos nos Estados e regiões mais pobres, apesar da existência de faculdades públicas de Medicina nessas regiões. Em tese essas faculdades (no Norte e Nordeste tem várias) deveriam fornecer boa parte da mão-de-obra local (médicos), cumprindo um elevado papel social e combatendo as desigualdades regionais e nacional (tema de ordem constitucional), mas a realidade é bem diferente: suas vagas são disputadas por estudantes de outras regiões, mais bem preparados, numa competição predatória e desigual em relação aos estudantes locais. É que ao se formarem retornam (há exceções, óbvio) aos seus Estados de origem em razão de não terem raízes onde se formaram, deixando para trás um cenário equivalente ao de 'terra arrasada' (esgotam os recursos e investimentos postos pela faculdade em seu favor, nada deixando sequer como mera compensação para a região que os acolheram. Assim, as faculdades públicas Federais e estaduais de Medicina daquelas regiões consistem-se em verdadeiros 'presente de grego', assemelhando-se a 'cavalos-de-troia' para a população local, que pouco aproveitam e ainda veem suas vagas de Medicina tomadas por estudantes de outras regiões. Uma ideia é obrigar aos estudantes oriundos de outros Estados que, ao se formarem em faculdades publicas dessas regiões, nelas exercerão suas atividades por pelo menos dez anos, sob pena de restituírem ao Estado os custos de sua formação."

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