Artigo - Justiça por atacado

14/9/2006
Adauto Suannes

"Deu no Migalhas (1.496 – 14/9/06 – "Justiça por atacado", Adriano Pinto – clique aqui): 'Resulta de tudo isto, que um grupo composto por 10 técnicos, dois analistas e 12 estagiários substituem os ministros relatores, para produzir uma justiça por atacado, em nível inferior (ao) da qualidade institucional.' - Sem embargo de sua reconhecida cultura, não posso acompanhar o voto do ilustre relator, cujo nome, aliás, é o mesmo do meu nofrologista, vejam aí o seu parentesco. Acho que já está na hora de reconhecermos a luz do sol: é impossível a um juiz ler tudo o que os advogados escrevem. Com isso de copia e arrasta, então, os juízes estão desesperados. E com razão. Muitas petições são autênticos sambas do crioulo doido, como diria o autor do FeBeAPá. A idéia de que jura novit curia é do tempo da azagaia. Hoje o que nós temos é a especialização, o que significa que muitos juízes não conhecem a matéria que vão julgar nem têm tempo de ir estudar o assunto. Os médicos, que se especializam a mais não poder, fazem as besteiras que todos conhecemos. Juiz de Direito deve conhecer profundamente todos os assuntos possíveis e imagináveis. Não dá para perceber que isso é impossível? Se eles não tiverem bons assessores, adeus! Perguntem a algum juiz com quem tenham liberdade se eu estou falando algum absurdo. Juiz sábio só Salomão. E esse já morreu faz tempo. Como dizia minha sábia avó, o ótimo é inimigo do bom. Entre uma decisão perfeita daqui a anos e a solução do meu caso agora eu não tenho a menor dúvida: quero a imperfeição já!"

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