Exclusivo - Entrevista José Sócrates

25/4/2019
George Marum Ferreira

"Com o todo o respeito que o ex-primeiro ministro português merece, não só pelo seu passado como chefe de governo, mas também pelo seu porte intelectual e humanitário, percebe-se que a sua avaliação sobre o Brasil está refém da narrativa construída por uma esquerda perdulária, muitas vezes panfletária, que levou o país à ruína econômica e ética (Migalhas 4.589 – 25/4/19 – Entrevista EXCLUSIVA). Esqueceu o ilustre político que foi a esquerda ou, ao menos, uma pseudoesquerda, que dividiu o país em polos ideológicos antagônicos, resultando no extremismo que aí está. Esqueceu, também, o entrevistado que o projeto civilizatório de mundo vinculado à ideologia mais afeta ao pensamento de esquerda, inclusive na seara jurídica, não logrou êxito. A sensação de permissividade decorrente do discurso político e jurídico que dominou o debate em tempos recentes, povoa o imaginário do senso comum e também do próprio transgressor. O propósito não é tratar o delinquente com crueldade, nem submetê-lo a condições degradantes - nestas condições ele já vive em razão do status de delinquência em que vive -, mas sim tratá-lo como transgressor que é, valorando equilibradamente as condutas antissociais sem incorrer em moralismo, colocando como bem jurídico maior a ser protegido pela ordem jurídica o cidadão de bem na sua conformação individual e coletiva, isto é, a sociedade. No mundo civilizatório, penso, o maior direito do delinquente é ser submetido a um julgamento justo e cumprir a pena que lhe for imposta, fazendo dela um meio de ressocialização. Questionável também é a percepção do entrevistado acerca do fenômeno político-sociológico e jurídico que foi o impeachment da ex-presidente Dilma. Visualizar como golpe aquele fato é desconhecer, minimamente, as nuances que o permeia."

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