Refeições institucionais

7/5/2019
Luiz Mário Seganfreddo Padão

"Quanta heresia (Migalhas 4.596 – 7/5/19 – Lagosta, vinhos, uísques...)! Data máxima vênia, não sei o que há de tão aflitivo na contratação de um buffet de luxo pelo Supremo Tribunal Federal, em licitação de gastos de até R$ 1,1 milhão pelo serviço, que incluía pratos finos e bebidas como uísque, gin, vodca e vinhos premiados. Ora, nossos ilustres ministros devem ter feito um levantamento minudente com nutricionistas para escolha do cardápio, com lagostas e outras iguarias que sejam melhor absorvidas ou palatáveis ao corpo humano e não possam causar nenhum embaraço digestivo. Da mesma forma, os vinhos encomendados e demais aperitivos degustativos tem que ter, efetivamente, uma qualidade superior, para evitar ressacas e dores de cabeça para os eminentes monarcas de toga, que se debruçam intelectualmente, sem qualquer auxílio, no julgamento dos processos mais importantes e mais vultosos do país e precisam de concentração. Tanto primor e tanta propriedade intelectual que lhe são inatas para tal labor, com pilhas de processos que ficam em suas cercanias, lhe embaraçam ou cegam suas visões. Não lhes permitem enxergar, até mesmo porque não são as causas e os temores que lhes convêm ou que chegam para julgamentos na Corte, a miséria deste país. Em senso apurado pelo IBGE, no ano longínquo de 2016, foi apurado que 24,8 milhões de brasileiros viviam na miséria e não têm condições sequer de uma refeição diária, minimamente. Ora, o que isso tem a ver com a nababesca situação do Areópago Supremo Tribunal Federal? Vamos parar com heresia."

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