Provas para carreira de magistrado

25/10/2006
Adauto Suannes

"Deu no Migalhas (Dos leitores – "Provas para carreira de magistrado" – clique aqui): 'DESMORALIZAÇÃO DOS CONCURSOS PÚBLICOS' - Tenho, como sempre, algo a contar sobre isso. Em primeiro lugar, é sintomático que, havendo o CNJ acabado com o vergonhoso nepotismo, apareçam questões simplesmente estúpidas, cuja finalidade poderá ser aferida pelo mesmo Conselho, desde que descubra o DNA de quem acertou a resposta. Anos passados, em um concurso realizado em Santa Catarina, uma das questões de conhecimentos gerais dizia respeito à ponte Ercílio Luz, o que tinha o claro propósito de propiciar uma 'reserva de mercado', pois quem, fora daquele Estado, terá interesse na história da tal ponte? Em São Paulo, certa feita perguntou-se a respeito da literatura alemã, simplesmente porque o tal examinador era admirador de Goethe. Certo desembargador confessou a um grupo de colegas que tinha no bolso do colete algumas perguntas destinadas a derrubar candidatos. 'Vamos que um homossexual vá bem na prova escrita...' Em outro concurso, um dos examinadores, que lecionava num cursinho, adiantou a certas alunas algumas questões que perguntaria na prova. Uma delas, que, mesmo assim, foi reprovada, botou a boca no trombone. Foi instaurado processo administrativo e não sei qual foi o resultado disso. Talvez o nosso doutor Pintassilgo nos informe a respeito. Sustentei, sutento e sustentarei que as provas que não admitem que recursos são inconstitucionais, pois violam o princípio do duplo grau. Ou bem a prova oral é gravada ou bem ela não resiste a uma peneira mais fina nos Tribunais Superiores. Se a intenção é conhecer o desembaraço do candidato, como se diz, por que não gravar tudo, permitindo, assim, que as notas venham a ser revistas? Isso não impedirá as 'notas de bolso de colete', mas mostrará claramente o tratamento desigual dispensado a candidatos diferentes e o caráter do examinador. Que tal termos juízo, com perdão do inevitável trocadilho?"

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