Bolsonaro

20/10/2020
Antonio Bonival Camargo

"O que se fareja pelos fortes odores que fluem pelas janelas do Alvorada, é que ele, o presidente, está inebriado do poder. O vinho da presidência deve ser de altíssima qualidade, pois que, em breve tempo ele arrebata, convence, vence, por mais fortes e firmes tenham sido os propósitos do candidato. Entre as forças da virtude e o enlevo do poder, o poder sempre foi vitorioso, e a virtude sucumbida. Esse vinho não só inebria e deslumbra, como arrebata; não só arrebata e cega, que borra de esquecimento as velhas promessas, de pronto arredadas e aparteadas lá, no quarto de despejo. Foi-se o velho Bolsonaro, ardoroso apóstolo 'anticorrupção', que se dizia soldado juramentado a dar a vida pela honestidade, aquele velho Bolsonaro que, tão acreditado pelo povo, hoje, cede passos ao novo Bolsonaro, agora, ébrio do Poder, deixando-se arrastar pela força centrípeta do 'centrão', bolsão onde a corrupção tricoteia os novos pontos e os novos passos por onde irão aliviar a bolsa dos brasileiros. Como diria a vovó Cantídia: quem te viu, e quem te vê! Que vinho é esse que, em tão pouco tempo, faz do bravo soldado, um desertor dos bons propósitos; do candidato promissor de novos dias, um desalento aos bons, com o aceno de que continuará tudo como dantes no quartel de Abrantes!"

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