Conexão Migalhas

10/1/2007
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. Diretor. Tive o grato prazer de receber ontem a 'Lírica do Direito', graciosamente, que agradeço (Migalhas 1.571 – 10/1/07 – "Lançamento" – clique aqui). Como poeta que sou, obviamente lerei os poemas sem ousar comentá-los, haja vista que, como digo em um meu poema, cabe aos críticos comentá-los  e, por serem críticos, não são poetas. Em um meu poema, que ouso enviá-lo, dirigido a Um Caro Crítico, vai o meu pensamento de poeta. Louvo, pois, todos aqueles que se dedicam à poesia. Grato.

 

'Ao caro crítico

 

"Ne sutor, ultra crepidam!"

(Sapateiro, não passes do calçado!)

 

Um dia a peito tomaste

a tua função de crítico:

os poetas fundo estudaste,

com toda fé, todo afinco...

 

Sejam Camões ou Bocage,

Álvares e Castro Alves,

Abreu, Bilac ou Varela:

dissecaste a aquarela...

 

Sim... pois não é a poesia

uma pintura serena,

ou nervosa ou arredia,

da natureza com a pena!?

 

Se o pintor faz, com as cores

matizes da natureza,

só o poeta colore,

com as palavras a beleza...

 

Caro crítico, então,

tu fizeste com a razão

tua crítica sadia,

de toda e qualquer poesia...

 

Mas foi, ó meu caro, em vão

que o teu tempo tu perdeste:

não há crítica ou razão

que a um poeta interesse...

 

Se julgares um poeta,

criticares a poesia,

dizendo ser ele esteta,

ou poetastro sem valia,

ele não te leva em conta,

pois certamente isto indica

nunca fizeste poesia,

se a fizesses, algum dia,

não teria tempo à crítica...

 

Todas horas de um poeta

ele a dedica à poesia,

e nenhum momento empresta

ao que o belo não irradia...

 

Ele sabe que a poesia

pode ou não ter verso ou rima,

sabe que o verso extasia

quando o sentimento prima...

 

Ele é quem transforma a treva

num luminar radiante,

é ele sempre constante

à beleza que observa...

 

Não há coisa neste mundo,

ou no universo de Deus

que o possa ferir profundo,

macular os versos seus...

 

Ele adora a natureza

nos  seus mínimos detalhes,

ele sabe que há beleza

nos versos, nem que o enxovalhes.

 

Ele acolhe até tuas críticas

(mesmo sem lhes dar valia)

pois não vês meu caro amigo

que elas servem de incentivo:

levam-no a fazer poesia?'."

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