Senado

16/1/2007
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Napoleão, como se sabe, em 2/12/1804, retirou a coroa das mãos do Papa Pio VII, que tinha viajado especialmente para a cerimônia, coroando a si mesmo para logo após, coroar sua esposa, a imperatriz Josefina. Mas, isso já faz tempo. Hoje, o sistema mais utilizado para ascensão ao poder costuma ser o de eleições. Esse sistema deve fazer com que os eleitos sejam os mais votados pelos eleitores. Na verdade, deveria ser assim, mas não é. Ao menos em se tratando do Senado brasileiro. De fato, como informa o artigo de Fernanda Krakovics, do Jornal Folha de S. Paulo de 15/1/2007, dos 81 senadores que farão parte da próxima legislatura, 15 receberam doações de campanha de seus suplentes, os quais podem assumir o mandato sem terem recebido nenhum voto. Em outras palavras, se há um candidato ao Senado, e ele pode indicar seu próprio suplente, o suplente é diretamente interessado na eleição de seu senador posto que, deixando ele o cargo, o suplente assume, sem eleição, sem nenhum voto. O Ministro das Comunicações, por exemplo, eleito senador em 2002, licenciou-se em 2005 para assumir o Ministério. Assume, então, Wellington Salgado, que financiou 50% da campanha. É assim que, sem votos, sem concorrer a eleições, sem conhecimento dos eleitores, sem correr os riscos inerentes a uma eleição, Wellington Salgado, que é dono de duas universidades, agora é senador e presidente da Comissão de Educação do Senado. Caso interessante, também, foi o de Valdir Raupp, que afirma ter recebido proposta de R$ 1,5 milhão de interessados em serem seus suplentes. É claro que os interessados na suplência sabiam que ele concorreria ao governo de Roraima, deixando o cargo para o suplente. Afinal, o primeiro suplente de Raupp, que colaborou com R$ 31.700,00 com sua campanha, ficou com o cargo por esse valor. Mais um jeitinho brasileiro para ser eleito sem de fato o ser."

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