Crimes de elite

29/1/2007
Tiago Zapater – escritório Dinamarco e Rossi Advocacia

"É intrigante o discurso que defende – à base de um legalismo cínico – a exposição na mídia dos investigados nos chamados crimes de elite. Se não são culpados do crime (ao menos ainda), não interessa, são culpados de serem elite. As distinções autoridade-investigado, autor-réu; condenado-absolvido, específicas da comunicação jurídica, dão lugar a distinções do tipo privilegiados/excluídos. Súbito, não estamos mais falando do direito à perseguição penal justa e sim de um meio de compensar as desvantagens históricas e materiais com a 'pedagogia' da cobertura da mídia de massa. Como os excluídos são, em muitos aspectos e, sobretudo na perseguição penal, injustiçados, parece correto que os privilegiados, ao menos na Justiça, se juntem aos excluídos e tenham, também eles, sua dose de injustiça. Com mais injustiça, mais justiça! O discurso sobre a igualdade, paradoxalmente, é marcado pela reprodução das diferenças."

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