Servidores fantasmas

5/2/2007
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"Logo após o assassinato do Coronel Ubiratan, veio à tona que a suspeita da prática do crime, a advogada Carla Cepollina, havia sido nomeada para exercer o cargo de assessora parlamentar e que, segundo o chefe de gabinete do falecido deputado, ela nunca foi trabalhar. E sua advogada e mãe esclareceu que essa nomeação tinha por objetivo angariar dinheiro para a campanha de reeleição do então deputado. Em outras palavras, ficou demonstrado, pode-se dizer confessado, que os cargos de assessor parlamentar (são vários cargos por deputado) são usados para arrecadação de fundos apenas e que seus titulares são desonerados da obrigação de trabalhar. À época, sobre esse e outros eventuais casos semelhantes, solicitei esclarecimentos da Presidência da Casa e não recebi resposta alguma. A caixa preta da Assembléia acabou de ser, obviamente apenas de forma parcial, aberta: a notícia é incisiva no sentido de que o Deputado Estadual Bispo Gê, da Igreja Renascer, que há algumas semanas é assunto das notícias policiais, empregava em seu gabinete o casal Fernanda e Douglas Rasmussen, filha e genro do rico casal dono da referida Igreja. E a pior evidência é que Fernanda e Douglas são reais 'funcionários fantasmas' da Assembléia. Portanto, o que seria talvez uma mera dúvida transformou-se em certeza. Na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo os Deputados (talvez não sejam todos) valem-se de nomeações em comissão de assessores parlamentares apenas para angariar dinheiro público. Em tese o dinheiro sai do tesouro público de forma legítima para o bolso de alguém. Todavia, como noticiado, outra é a realidade, porque, decididamente, o dinheiro não é gasto para remunerar o trabalho efetivo do assessor nomeado. Em verdade: ficou claríssimo que nós, cidadãos paulistas, estamos pagando funcionários fantasmas quer para custeio de campanhas eleitorais (caso ex-deputado Coronel Ubiratan), quer para o aumento patrimonial de alguém (caso Deputado Bispo Gê). Mais uma vez indago: o que o Ministério Público, na forma da Lei, está fazendo a respeito?"

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