Dia Internacional da Mulher - mensagem Migalhas

8/3/2007
Paulo R. Duarte Lima - advogado, OAB/RN 6.175, Natal/RN

"O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher. Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram trancadas na fábrica onde, entretanto, foi declarado um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women's Trade Union League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho. Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan 'Pão e Rosas', em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como 'Dia Internacional da Mulher'. Passado todo esse tempo, é impossível não deixar registrar, na data de hoje, que a luta das mulheres contra a discriminação, ainda, não terminou, pois o machismo ainda é grande em grande parte do mundo, em especial nos países africanos, asiáticos e latinos, entre os quais o Brasil. Aqui, em Terra Brasilis, para citar somente um exemplo, as estatísticas de violência doméstica contra a mulher apontam grandes, sérios e graves problemas nesse sentido, em especial no Nordeste – região do Brasil em que moro desde 2000 quando vim do Rio de Janeiro. Entretanto, justamente no Brasil e, especificamente, aqui no Nordeste, ainda no século 19, atuou uma das grandes pioneiras da emancipação feminina, injustamente, esquecida pela maioria dos seus compatriotas: Nascida no Rio Grande do Norte - Nísia Floresta (1810-1885) (nome, nos dias atuais de um acolhedor município aqui no Rio Grande do Norte), foi uma das principais personalidades que introduziram o feminismo (não o radical, mas o justo e ponderado) no país. Ela atuou como educadora, jornalista, tradutora, escritora e poetisa. Residiu no nordeste e sul do país, mas também passou boa parte de sua vida na Europa, especialmente na França, onde morreu. Nísia Floresta começou sua vida literária em 1831, publicando em jornal de Pernambuco artigos defendendo o ideal republicano, igualdade política dos sexos e liberdade aos escravos. A escritora do município Papary/RN que teve sua denominação alterada em 1948, em homenagem a sua filha mais ilustre, e mudou seu nome para Nísia Floresta, passou a ser admirada por muitos e, como não poderia deixar de ser, questionada por outros. Foi chamada ao mesmo tempo de extraordinária, de notável, de mestiça, depravada, indecorosa e de monstro sagrado. Uma mulher notável como muitas mulheres famosas ou 'Marias' anônimas, mas que embelezam as nossas vidas, fazem e contribuem para que mundo, o nosso mundo, ainda seja considerado – um mundo maravilhoso! Parabéns Mulheres pelo seu 'Dia Internacional', em especial as mulheres do meu querido Brasil, pois, nesse momento, a todas homenageio ao tecer esses breves comentários sobre uma ilustre concidadã que já se foi desse plano espiritual, mas deverá sempre ser lembrada, eis que muito honrou o gênero feminino e a espécie humana.Saudações democráticas e cordiais,"

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