Dario de Almeida Magalhães

10/4/2007
Mário Genival Tourinho – advogado, OAB/MG 5.994

"Dario de Almeida Magalhães, o advogado. Se vivo fosse, quem estaria escrevendo este artigo seria o renomado mestre Darcy Bessone de Oliveira Andrade, não o modesto advogado que o assina. Darcy tinha especial estima e profunda admiração pelo Dario e, sempre observei isso, mirava-se nele como exemplo a ser seguido pelos que almejam a grande advocacia. Dr. Dario foi quase tudo no campo intelectual e, também no empresarial, mas, antes e sobretudo, foi o grande advogado mineiro do século passado. O posicionamento que ora lhe dou, dava ele a Mendes Pimentel. E as palavras com as quais aquele definia este eu as utilizo como apropriadas na definição de Dario de Almeida Magalhães. São elas: 'O destino lhe marcara a vocação de maneira inequívoca e indelével'. Francisco Pimentel (leia-se aqui Dario de Almeida Magalhães) era também daqueles, como Bourdillon, que haviam de ser advogados 'por decreto nominativo da Providência'. As incursões por ele tentadas em campos fronteiriços à advocacia foram episódicas e mesmo efêmeras. O advogar, sim, tomava-lhe o corpo e o espírito de maneira absoluta. Sua palavra candente e elegante era de um esgrimista invulgar no trato com as letras. E sempre um eterno apaixonado pelo Direito e pelas causas que defendia. Em sua vida, entretanto, o que sempre chamou mais minha atenção foi a precocidade. Formou-se aos vinte anos de idade e logo nos anos seguintes já era figura notável entre a intelectualidade mineira. Logo após, apenas com vinte e quatro anos, seguia para o Rio de Janeiro para assumir a administração geral dos Diários Associados, quando Assis Chateaubriand foi exilado por seu apoio aos paulistas na revolução de 1932. Romperia com Chateaubriand em 1941, retornando à advocacia e, também, à política. Na redemocratização do País foi, ao lado de Arthur Bernardes, um dos fundadores do Partido Republicano, vindo a ser seu primeiro secretário. Seu rompimento com Chateaubriand, por força do estilo estrepitoso deste, transformou-se numa espetaculosa briga. Conta Rafael Magalhães, ex-governador do Rio de Janeiro e filho de Dario que após a briga Chateau fez publicar durante anos, na primeira página dos seus jornais um anúncio na época do Natal, dando o endereço do ex-amigo para uma suposta distribuição de presentes aos pobres, o que levava milhares de pessoas à porta da casa do advogado, causando grandes transtornos. Certamente que isso horrorizava Dario se levarmos em conta as primeiras linhas da Apresentação (desnecessária) feita por Abgar Renault ao livro Figuras e Momentos: 'O primeiro atributo da personalidade de Dario de Almeida Magalhães é o seu grau altíssimo de civilização, entendida essa palavra em seu significado mais profundo: um espírito universal, a que nada escapa de belo e puro. Tudo quanto possui, usa, faz, escreve ou fala, come ou bebe aponta para este traço constitucional da sua figura - o horror à vulgaridade'. Eis aí o retrato do notável advogado, pena que no tamanho de três por dois centímetros."

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