Estádios

3/12/2007
Romeu A. L. Prisco

"'Ministério criará secretaria para fiscalizar estádios'. Eis aí mais um exemplo da velha e surrada solução brasileira, por mim abordada e ironizada em texto já publicado nestas colunas, para enfrentar problemas e, supostamente, resolvê-los: criar um órgão, pouco importa se conselho, comissão, junta, grupo de trabalho, secretaria e, até mesmo, ministério, mas, criar! Claro é que, antes de tentar resolver o problema para o qual foi criado, cumpre resolver o problema do próprio 'órgão', com o preenchimento dos respectivos cargos, a começar pela nomeação do seu titular, fixação das atribuições funcionais e, obviamente, das remunerações. Depois, em longas e intermináveis reuniões, será elaborado o Regimento Interno e um Plano de Carreira dos servidores, este com extensa lista de promoções e  benefícios. No caso em tela, qual seja, a 'fiscalização da situação dos estádios brasileiros', a competência exclusiva é das Prefeituras dos locais onde tais estádios estejam localizados, através dos seus departamentos de controle de uso e ocupação do solo, competência esta, aliás, que o governo federal não ignora, conforme ele próprio admite. Todavia, depois de criado referido 'órgão' e se, na infeliz hipótese de ocorrer mais uma catástrofe, como a da Fonte Nova, sabem o que vai acontecer? Os 'órgãos' municipais e federal irão atribuir, uns ao outro e outro a uns, a responsabilidade pelo evento, num jogo de empurra parecido com aquele dos recentes 'apagões' aéreos. Simples e fácil, né? E assim, 'vamu qui vamu'."

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