Heróis da Pátria

4/12/2007
Abílio Neto

"Heróis da Pátria - Os franceses, gozadores como sempre, consideram heróis figuras do gibi e do cinema como Homem-Aranha, Superman e até Zidane, o herói da cabeçada que afundou a seleção francesa de futebol em 2006. Aqui em Pindorama quando a Seleção brasileira campeã de 1994 desembarcou no Rio de Janeiro com os membros da delegação e jogadores carregados de 'muamba', um advogado ilustre que comandava a Receita Federal, o Dr. Ozires Lopes Filho, mandou realizar a devida fiscalização. O goleiro Taffarel assim protestou: 'mas nós somos os heróis do tetra!' No fim, ganharam os 'heróis' e os muambeiros da CBF porque o homem honesto pediu pra sair do emprego. Mas vou citar apenas um herói de verdade, o gaúcho negro João Cândido Felisberto que no começo do século XX, ao alvorecer da nossa república, teve a coragem de liderar um movimento conhecido como 'A Revolta da Chibata'. Naquele tempo os nossos heróis oficiais da Marinha, costumavam tratar muito bem aos pobres marinheiros: comida estragada, 'bolos' de palmatória e chibatadas: o marinheiro 'julgado' merecedor de castigo era açoitado com uma corda grossa, mergulhada em água para endurecer e cheia de pequenas agulhas. Assim, o homem que teve a coragem de guiar os canhões dos navios para o palácio do Catete contra aquela situação, até hoje só é considerado herói pelo povo. E os brasileiros deveriam se interessar mais em saber o que aconteceu com os demais marinheiros do movimento após a 'anistia', pra se certificarem definitivamente que a tortura já fazia parte do dia-a-dia das nossas gloriosas Forças Armadas contra seus membros mais humildes. Em 1993, um oficial da Marinha queria dar o nome de João Cândido à sua turma que se formava. Foi impedido. A única homenagem real feita até agora foi a de João Bosco e Aldir Blanc com aquela beleza de música chamada 'O Mestre-Sala dos Mares' que foi intitulada inicialmente de 'Almirante Negro', porém (surpresa), vetado pela Censura nazi-fascista."

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