Governo Lula

18/12/2007
Fábio de Oliveira Ribeiro - advogado

"Antes de ser religioso, o bispo Luis Flavio Cappio é um ser humano. Em razão de sua natureza frágil e contraditória, ele também é suscetível a se tornar vítima da vaidade. A mim me parece que foi exatamente isto que ocorreu. Quando há conflito entre a vontade individual e o interesse da coletividade, a ética diz que deve prevalecer o segundo. Mas a vaidade admite submeter tudo, até o interesse da coletividade, à vontade individual. Estas questões relevantes parecem ter sido esquecidas pelo pároco. O tal acredita pia ou maldosamente que é o único capaz de interpretar o que é melhor para a coletividade. É por isto que pretende submeter a vontade do poder público. Ele age como se o Estado fosse um indivíduo e não o legítimo representante da coletividade. Quem o tal bispo pensa que representa ? Ele não foi eleito, portanto, não tem mandato da coletividade, nem tampouco exerce um cargo público. Mesmo que exercesse um teria que se submeter à Lei. Afinal, é o princípio genérico, que foi objeto de ampla discussão e deliberação (inclusive pela população já que constava do programa de governo do candidato Lula), que determina a realização da obra e não a vontade de uma pessoa determinada. O bispo tem um cargo na hierarquia da Igreja, que é uma instituição temporal. Ele já foi desautorizado pelos seus pares em Roma, mas não se curvou a recomendação para suspender a greve de fome. Continua sem comer porque acredita representar Deus ? Se este for o caso me parece que está pisando em areia movediça. Afinal, quem é um mortal para sondar a vontade do altíssimo ou constrange-la ? Na qualidade de contribuinte ajudo a custear o Estado e acredito que as obras de transposição do São Francisco devem continuar. Se o bispo resolver morrer de fome, paciência. A vida é dele e o altíssimo (se é que existe um) saberá como tratá-lo."

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