Circus

7/1/2008
Eldo Dias de Meira - Carazinho/RS

"A coluna Circus do mestre Adauto Suannes (70 – 4/1/08 – clique aqui), mais uma vez nos faz refletir, e, me trouxe à recordação esses versos do meu guru o imortal Jayme Caetano Braun:

'DO TEMPO

 

O tempo vai repontando

o meu destino pagão,

... vou tenteando o chimarrão

na madrugada clareando,

enquanto escuto estralando

o velho brasedo vivo,

nesse ritual primitivo,

sempre esperando... esperando...

 

É a sina do tapejara,

nós somos herdeiros dela,

bombear a barra amarela

do dia quando se aclara,

sentir que a mente dispara

nos rumos que o tempo traça;

- eu me tapo de fumaça

e olho o tempo vetereno,

entre ano e passa ano,

ele fica... a gente passa...

 

Que viu o tempo passar

há muita gente que pensa,

mas é grande a diferênça,

ele não sai do lugar,

a gente é que vive a andar,

como quem cumpre um ritual;

é o destino do mortal,

é o caminho dos mortais,

andar e andar... nada mais,

contra o tempo - sempre igual!

 

Tempo é alguém que permanece

misterioso - impenetrável,

num outro plano imutavel,

que o destino desconhece,

por isso a gente envelhece

sem ver como envelheceu,

quanto sente - aconteceu

e - depois de acontecido,

fala de um tempo perdido

que - a rigor - nunca foi seu.

 

Pensamento complicado,

do índio que chimarreia,

bombeando na "volta e meia"

do presente no passado,

depois sigo ensimesmado,

mateando sempre na espera,

o fim da estrada é a tapera,

o não se sabe do eterno,

mas - a esperança do inverno,

é a volta da primavera...

 

Os sonhos são estações,

em nossa mente de humanos;

que - muitas vezes - profanos,

buscamos compensações,

na realidade as razões

onde encontramos saída,

nessa carreira perdida

que contra o tempo corremos,

já que - a rigor - não sabemos,

o que haverá além da vida.

 

Dentro das filosofias

dos confúncios galponeiros,

domadores - carreteiros

que escutei nas noites frias,

acho que a fieira dos dias,

não vale a pena contar,

e - chego mesmo a pensar,

olhando o brasedo perto,

que a vida é um crédito aberto

que é preciso utilizar!

 

Guardar dias profuturo,

é sempre a grande tolice,

o juro é sempre a velhice

e - de que adianta esse juro?

- se ao índio mais queixo duro,

o tempo amansa no assédio?

- gastar é o melhor remédio,

no repecho e na descida,

porque - na conta da vida

não adianta saldo médio!'

Parabéns Mestre Adauto, Confúncio do Circus, como diria Don Jayme, sua coluna nos enche de filosofias nessa mensagem sobre o tempo, que, na realidade, nunca passa, nós é que vamos contando."

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