Masp

21/1/2008
Pedro Luís de Campos Vergueiro - advogado e procurador do Estado de São Paulo aposentado

"Sim, realmente o Masp tem uma missão a cumprir. Sempre teve, desde sua criação há 60 anos. Porém, os membros da sua administração não estão à altura dessa missão que começa com o prover a segurança de seu acervo representativo de uma imensa fortuna em dinheiro e cultural. Esta conclusão está clara na matéria paga publicada nos jornais de hoje, assinada por Júlio Neves e Adib Jatene. De fato, os referidos presidentes (respectivamente, Diretoria e Conselho Deliberativo) dizem: 'Após o furto de duas de suas obras-primas... o Masp reformulou seu sistema de segurança'. Aí está a confissão de incompetência máxima. Foi necessária a ocorrência do furto de duas obras para que uma atitude viesse a ser tomada. Além disso, é do domínio público que alguns dias antes desse furto houve uma tentativa de arrombamento para, obviamente, realizar-se um furto de algo que lá há para ser furtado. Porém, o conhecimento dessa tentativa ficou circunscrito à Diretoria do MASP até que, lamentavelmente, ocorreu a tentativa bem sucedida. Daquele incidente prévio não foi feito, deliberadamente, o boletim de ocorrência policial. E por que não foi feito? Evidentemente para que não viesse a público a vulnerabilidade do museu (então já do conhecimento dos gatunos e mais felizes ainda porque não noticiada). E burramente porque uma perícia nesse momento já teria apurado falhas na segurança, sobretudo no tocante à facilidade de ingresso no prédio. E ademais, o que é pior, ficou patente a ineficiência, a incompetência, a incapacidade, a inaptidão da administração do Museu, não mais apenas com a admitida má gestão das finanças do museu denominada de descompasso (o que já ficara patente com o recente corte do fornecimento da energia elétrica), mas, também, então, com relação à segurança do acervo. Afinal, o dinheiro disponível, de origem pública e privada, deveria ser precipuamente aplicado em tudo que fosse necessário para garantir o máximo de proteção possível das obras de arte do acervo (e pelo visto não era). Com uma justificativa que nada justifica, dizem os Presidentes referidos que os objetivos do Masp para o ano de 2008 em curso é a ampliação das suas instalações. Para tanto, dizem, já estão se mobilizando com a apresentação do manifesto legível nos jornais paulistas. A intenção embutida nessa idéia é no mínimo temerária, pois, não faz muito tempo, com a obtenção de um possível e bom patrocínio, a preocupação da Diretoria não foi a de melhorar a segurança, mas, sim, tentar implantar o plano de construção de um minarete no prédio ao lado do museu, com o que, diziam, iriam angariar dinheiro para sanar as finanças. Essa idéia, como era óbvio, não logrou ser aprovada por ninguém. A nova idéia agora, apresentada com intenções subliminares, é o que denominam de movimento para o aporte de recursos financeiros. Para tanto, Júlio Neves e Adib Jatene (o entusiasta com a criação do IPMF/CPMF) convidam todos a participarem desse movimento de apoio. Movimento tal até que poderia ser viável; desde que, porém, esta á a primeira e necessária deliberação, sejam destituídos os titulares das presidências, diretoria e conselho deliberativo, do Masp, os quais demonstraram, repita-se, não estar à altura do cargo que ocupam. Novos nomes, não imbuídos de delírios de grandeza, deverão fazer um levantamento na ponta do lápis da situação das finanças e, o que é imprescindível, apurar as possíveis falhas na segurança."

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