São Paulo

28/1/2008
Alfredo Martins Correia – escritório Colonhese - Sociedade de Advogados

"Festejado Sr. Redator: Para que o resto do país não diga que São Paulo/Capital é a cidade que não pára. Nós paramos neste último dia 25 (Migalhas 1.826 – 25/1/08 – "Festa"). E o fizemos em merecida homenagem aos 454 anos desta terra que já nasceu abençoada pelos seus fundadores: a dupla de jesuítas sertanistas (ou seriam sertanejos?) 'Zezé e Mané', que passariam para a história como José de Anchieta e Manuel da Nóbrega. Só sendo abençoada para subsistir bravamente aos desmandos administrativos impostos (eu disse impostos? e as taxas?) pelos seus administradores. Em se tratando de uma cidade portentosa como a capital dos paulistas, qualquer erro de cálculo pode levar a centenas de milhões de reais de prejuízo aos cofres da terra de Piratininga. A descontinuidade administrativa é um caso típico. Um(a) prefeito(a) vem e faz cálculos, planeja, contrata e começa a execução de obra importante para a capital. Termina seu mandato. Vem outro(a) e dá de ombros para a continuação da obra. Resultado: Prejuízo! Trata-se de perdas que ocorrem a título de deterioração do material da obra em abandono e, também, as típicas multas previstas em cártula no caso de descontinuidade contratual. Ou alguém duvida que os empreiteiros raramente perdem? Assim é que, neste feriado prolongado, pus-me a pensar o quanto São Paulo perdeu, por exemplo, pela solução de continuidade das obras implementadas por Jânio Quadros, quando prefeito, pela sua sucessora Luiza Erundina. Não importava o quanto era bom para a cidade, o 'erundinismo' era o contrário ao 'janismo' e isso era determinante. 'Se veio de Jânio, desconfie' dizia Erundina. E lá ficaram túneis, viadutos, creches e escolas inacabadas. Essas obras seriam retomadas com o prefeito seguinte, Maluf, pagando as multas contratuais. Pita, na seqüência, deu continuidade às obras do padrinho/antecessor e lançou através de seu Secretário de Planejamento, Kassab, um tal de Projeto Fura-Fila que, apesar da deselegância comportamental inferida pelo nome, tinha a boa intenção de desafogar o trânsito da Capital, partindo do centro em direção à Zona Leste, via Ipiranga. Marta, sua sucessora, abraçou a idéia, mas ficou só no mero abraço, pois não houve empenho de verba suficiente. Serra, a seu turno, deu continuidade inequívoca à obra, cujo trecho inicial foi inaugurado justamente pelo autor original da idéia, o ex-secretário Kassab, atual prefeito da maior capital brasileira. À esse exemplo adicione-se os CEUs (Centro Unificados de Ensino), o Bilhete Único, O Projeto Atende (para deficientes e acamados) e outras criações de Marta aos quais Serra, seu sucessor, deu continuidade e ampliação. Sensibilidade? Sem dúvida. Daquelas que 'se você não fizer não ganha a eleição'. Dito isto, e, deixando de lado outros comentários de ordem política que poder-se-ia fazer a respeito, resta destacar que São Paulo muito ganhou quando, seja lá por que motivo, um gestor deu continuidade à obra d'outro. E é esse ganho que São Paulo tem, nessa data festiva, para mostrar às demais entidades federativas, especialmente aquelas nas quais proliferam obras inacabadas pelas gestões subseqüentes pertencentes a grupos rivais: os tempos são outros. É tempo de excelência na gestão da coisa pública. Basta de ímprobos. Chega de escândalos! São Paulo é pródiga em exemplos, seja de improbidade ou de excelência. Aproveitemos os bons e execremos os maus. Talvez, sob essa dualidade estejam esquentando os motores para um vôo rumo ao Planalto. E, se nesse vôo estiver o piloto que penso, mais uma vez a ambigüidade vai estar presente. De tal forma que, parafraseando meus conterrâneos do interior do Estado, 'me bate uma baita dúvida': pode um governador tangenciado pela excelência na gestão ser um bom presidente se mentiu deslavadamente ('ficarei os quatro anos na prefeitura') quando candidato ao executivo municipal? Tomara que tenha sido um único e isolado 'deslize'. Tomara, ainda, que os portugueses Anchieta e Nóbrega que subiram a serra a 454 anos atrás possam, onde estiverem, se orgulhar de seu conterrâneo, que caminha a passos largos para Brasília. O subscritor,"

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