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18/2/2008
Cássio Schubsky – editor e historiador, São Paulo

"Prezado Senhor Diretor, Com que autoridade moral o senhor Elio Gaspari acha que pode apontar sua pena raivosa em direção à Ordem dos Advogados do Brasil, como fez em sua coluna na edição deste domingo do jornal Folha de S. Paulo (Migalhas 1.839 – 18/2/08 - "Na berlinda" – clique aqui)? Este jornalista, com fumos de historiador, escreve literalmente em sua 'festejada' obra As ilusões armadas – a ditadura envergonhada: 'Quando [o general Ernesto Geisel] assumiu, havia uma ditadura sem ditador. No fim de seu governo, havia um ditador sem ditadura' (GASPARI, Elio, in A ditadura envergonhada, Companhia das Letras, pág. 35). Ora, ora, qualquer estudante ginasial sabe que a ditadura terminou com o governo do general João Batista Figueiredo, em 1985. E vai além o senhor Gaspari, ao escrever: "A fé em que 'o povo unido jamais será vencido' é insuficiente para explicar mudanças ocorridas antes que aparecessem, como tais, as pressões. É este, por exemplo, o caso da suspensão da censura à imprensa, processo cautelosamente iniciado em 1974 e concluído dois anos depois [...] O fim da censura só se explica através do complexo mecanismo de uma decisão imperial do presidente Ernesto Geisel" (Idem, pág. 41). Mas o que é isso, pelo amor de Deus! Não houve pressão popular pelo fim da censura e da ditadura? E a Carta aos Brasileiros, de agosto de 1977? E as manifestações populares contra o regime ditatorial pelo Brasil afora, e a resistência heróica de jornalistas, de advogados, de professores, enfim, da sociedade civil? Tenho pra mim que o senhor Elio Gaspari é um fã envergonhado de certas ditaduras, o que o leva a tentar desancar a OAB, guardiã dos ideais democráticos em nosso País."

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