PCC

19/2/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Imagino que a colega migalheira Iracema Palombello escreveu seu comentário sobre a segurança pública vir atuar com o auxílio do PCC, após ler as matérias dos jornais acerca dos 'julgamentos' efetuados pela facção, que agora, como se descobriu por gravações feitas, também abrangem pequenas causas, com maior celeridade que a justiça comum. Julgamentos levados a efeitos pelo PCC, com julgadores reunidos dentro de presídios, em sessões por tele-conferência, com o réu, promotoria e defesa acompanhando em local próprio, adrede preparado para esse fim, já eram conhecidos, mas para casos mais graves. Agora, percebe-se, já há tribunais de pequenas causas e espera-se, para breve, a abertura de varas especializadas. Como esse tipo de julgamento é mais rápido e eficaz, bastante mais satisfatório em termos de prestação jurisdicional, não seria de estranhar que o judiciário acabasse por atuar, também, com auxílio do PCC. Dizem que nas favelas os traficantes e demais delinqüentes ocupam o vazio deixado pelo Estado. Mas, mais do que isso, o que se vê é que largos espaços do Estado estão sendo ocupados por certo tipo de gente que não mais se distingue dos que deveriam estar atrás das grades, graças ao nível de impunidade que grassa no país. Então, o que a colega migalheira imagina como, talvez, um delírio, não está distante não. Parece ser o que vivemos hoje. Ou o que o Chico Buarque chamava de pesadelo em 'Acorda Amor', que assim dizia: 

'Acorda amor

 

Eu tive um pesadelo agora

Sonhei que tinha gente lá fora

Batendo no portão, que aflição

Era a dura, numa muito escura viatura

minha nossa santa criatura

chame, chame, chame, chame o ladrão'"

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