Petrobras

20/2/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Hoje me lembrei daquela velha piada da mocinha que entrou esbaforida na delegacia, aos gritos de: 'Fui estuprada, fui estuprada'. Depois de acalmada, o delegado de plantão finalmente pode perguntar quando havia ocorrido o estupro, ao que a moça, após pensar um pouco, respondeu: 'Bem, foi na segunda-feira, na terça, na quarta, na quinta, na sexta e agora, hoje de manhã...'. E a piada me veio à lembrança ao acompanhar as notícias do inquérito do 'affaire' Petrobras, e saber que o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, o delegado Valdinho Jacinto Caetano, informou que há pelo menos um ano e meio roubos e furtos de notebooks e discos rígidos em contêiners da Petrobras vem ocorrendo. Aos casos anteriores não foi dada importância, explicou, e só foram registrados na Polícia Civil, porque a Petrobras não vislumbrou a intenção de se furtar informações consideradas qualificadas. Essa, então, a primeira curiosidade: há informações qualificadas e... desqualificadas na estatal, assim como furtos qualificados e desqualificados, os segundos encaminhados à Polícia Civil e os primeiros à Polícia Federal, pouco importando o destino dos notebooks e discos rígidos, já que esses não são de ninguém, é claro. A hipótese, uma delas, é de crime comum, entendendo-se como tal que é comum o sumiço de laptops e computadores na Petrobras, segundo o presidente da AEPET (Associação de Engenheiros da Petrobras) em entrevista à Folha: 'Entram nas casas dos engenheiros e só levam os computadores, mais nada.' Mas essa linha de raciocínio não convence o delegado Caetano: 'Em roubo comum, se leva o computador inteiro para utilização posterior e não o HD (disco rígido). Quem procura o HD procura a informação nele contida'. Elementar, caro Watson, diria Sherlock Holmes, que sequer precisaria sair de Baker Street para concluir isso. O problema – e talvez valha a pena chamar Sherlock – é que 45 pessoas tinham cópias da chave do tal contêiner e, além disso, segundo os funcionários da Halliburton, por segurança – eu disse segurança – existe ainda uma chave-mestra em poder da empresa. A investigação segue célere. Já há uma primeira conclusão do delegado encarregado: 'O sistema de transporte de dados importantes da estatal petrolífera é falho!'. Já é alguma coisa."

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