Células-tronco

4/3/2008
Dávio Antonio Prado Zarzana Júnior

"(Migalhas 1.849 - 3/3/08 - "Julgamento") A propósito,

'São notáveis e promissores os avanços da biotecnologia. Devemos, certamente, alegrar-nos com os resultados das pesquisas que conseguem utilizar células-tronco para refazer tecidos degenerados e para outras aplicações. Essas descobertas têm permitido tratar com novas terapias áreas do coração afetadas por derrame, regiões atingidas pelo câncer e também doenças como o mal de Alzheimer e de Parkinson. É preciso somar esforços para atender sempre melhor os que sofrem doenças degenerativas e os portadores de necessidades especiais. O progresso no campo da biogenética merece todo incentivo e suscita, também, preocupações de cunho ético referentes à obtenção das células-tronco. Essas células são extraídas do cordão umbilical, da medula óssea e de outros tecidos, conforme recentes pesquisas. Coloca-se, no entanto, a questão ética quanto à consecução dessas células-tronco a partir de embriões humanos, uma vez que, no ato de extração, os embriões são destruídos. Prepara-se no Brasil a legislação sobre essa matéria e já se encontra no Senado, em fase de discussão final e votação, o Projeto de Biossegurança, que inclui temas de bioética (PL nº. 2401-ª 2003). Diante desse fato e da importância da questão, os bispos católicos do Conselho Permanente da CNBB, reunidos em Brasília de 22 a 25 de junho de 2004, escreveram carta aos membros do Senado. Manifestam apoio e encorajamento às pesquisas científicas de tanto proveito para a medicina, mas insistem também na séria reflexão e discernimento ético sobre o uso terapêutico dos embriões humanos. Na carta, os bispos ponderam que, sem dúvida, é preciso continuar os experimentos utilizando células-tronco e descobrindo novas fontes para obtê-los sem recorrer, no entanto, aos embriões humanos. Com efeito, a vida humana, que é fim em si mesma, deve ser respeitada sempre, desde a sua concepção até o seu término. Não é lícito e nenhuma razão pode justificar que se sacrifique uma vida humana já presente no embrião em benefício de outra. Compreende-se, pois, que seja necessário rejeitar, com firmeza, a produção de embriões e a utilização dos já existentes, tanto para pesquisas quanto para a eventual produção de tecidos e órgãos. Graças aos esforços da ciência, há outras formas para obter as preciosas células-tronco. Os bispos renovam a confiança no discernimento dos membros do Senado e solicitam que não cedam a pressões de grupos econômicos. Em matéria tão complexa e de graves conseqüências, sem pressa, dediquem todo o tempo necessário à elaboração da lei de modo a respeitar e a promover o valor supremo da vida humana, dom de Deus. A sabedoria do legislador está em manter sempre a harmonia entre o progresso da pesquisa científica e a verdade e segurança dos princípios éticos’. Dom Luciano Mendes de Almeida."

Envie sua Migalha