Anencefalia diante dos tribunais

13/7/2004
Márcia Galdino - acadêmica em Direito - Sergipe

"As declarações da CNBB só vêm comprovar o seu mais que firmado caráter utópico. Isso porque suas opiniões parecem sempre estar centradas em situações que não condizem com a vida real, com as circunstâncias reais. Primeiramente podemos citar o grandioso fato de seus membros, por opção, não viverem a realidade "família", isto é, de um casal, com filhos ou não. Com isso, aproxima-se o clero da hipocrisia com que trataram o assunto dos métodos anticoncepcionais, ignorando veementemente o fato de ser o sexo natural entre as pessoas. Parece que por estarem relatando opiniões sobre o que não vivem, estão fechando os olhos para aqueles de realidades distintas. A concessão da liminar não se trata de apologia ao aborto, ou de não defesa da vida, direito fundamental de todos, mas sim de uma medida cautelar, destinada a evitar o sofrimento diário de uma família, de uma mãe que traz no ventre um ser que não poderá viver, sim, porque o cérebro é um órgão essencial, sem o qual não há expectativas para viver, não é questão de uma vida com limitações, mas de uma não vida. E não permitir o livre arbítrio da mãe, seria forçá-la a uma contagem regressiva da vida daquele que gerara, com amor, levando-a a morrer um pouco a cada dia, por não saber até mesmo se chegará a nascer com vida, ou se o fruto do seu amor será um nascimorto. É óbvio que o aborto também trará traumas à vida da mulher, mas deverá caber a ela a decisão, primando pelo menos doloroso a ela e até mesmo àquela vida que traz em seu seio."

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