Governo Lula

17/3/2008
Aderbal Bacchi Bergo - magistrado aposentado

"O racha na Economia. Celso Ming nos esclarece que há um racha dentro do Governo Lula, sobre como resolver o problema da disparada das importações no momento, em 50% ao ano. (Estadão) Para o Ministro Mantega, é preciso estimular as exportações de manufaturados, por causa da desindustrialização com origem na valorização do real. Para o Banco Central do Meirelles of Boston, o consumo cresce mais do que a oferta interna de bens e serviços e por isso as importações são chamadas para suprir a demanda interna. O que ele fará será puxar os juros para níveis que sejam capazes de estancar a inflação de demanda que ameaça a economia. Ora, pela décima - milionésima vez eu me convenço de que quem manda no Brasil é o Banco Central do Meirelles. Porque ele é o responsável pela implantação dessa política econômica 'histérica e suicida' como qualificou-a Gabriel Palma em entrevista à Folha em 02 de Janeiro de 2006, página A2., quando a taxa de juros Selic era de 20% e Palma a qualificava de absurda, o dobro do que deveria ser. Gabriel Palma é Chileno, Doutor-Professor de Economia na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Em síntese, ele advertiu que: 'Juros altos e câmbio destroem a indústria'. 'Há uma grande diferença entre o que o Brasil vem fazendo e o que fizeram as economias asiáticas durante a sua integração na globalização. Nenhum país do sudeste asiático permitiria que o R$ se valorizasse tanto'. 'Qualquer taxa de câmbio abaixo de R$ 3,00 é absurda, assim como também é absurda qualquer taxa de juro maior do que 10%'. (Hoje, o dólar americano custa R$ 1,70) É claro que a política econômica imposta aos brasileiros pelo Banco Central do Meirelles tem como principal objetivo o favorecimento do capital especulativo nacional e internacional. À custa do crescimento de mais de 100% do valor da dívida interna. As despesas com juros dessa dívida exigem um superávit-primário indecente sob o enfoque dos interesses do povo brasileiro, na medida em que o governo federal não repassa a maior carga tributária deste mundo para tentar corrigir as criminosas deficiências em saúde, educação, segurança, infra-estrutura. No Brasil, não há o retorno da arrecadação de tributos para benefício do povo, como ocorre em qualquer país decente. Mesmo assim, esse superávit não é suficiente e continuamos com enorme déficit nominal. Em outras palavras, no ano passado a dívida interna cresceu cerca de R$ 53 bilhões porque o valor dos juros devidos aos banqueiros foi, neste valor, maior do que o referido superávit-primário. Lula nos palanques verberava que 'banqueiro tem que ter medo do PT. Não é possível continuarem tendo esse lucro.' Quando o Banco Central do Meirelles assumiu o governo, os bancos passaram a conseguir os maiores lucros que haviam tido nos últimos vinte anos. No ano de 2007, vários deles tiveram lucro líquido acima de R$ 8 bilhões, muito maiores do que em 2006. Assim tem acontecido, ano após ano. O custo fiscal do estoque de dólares que o Banco Central do Meirelles já acumulou é de cerca de R$ 19 bilhões, previstos para 2008, segundo divulgado pela Imprensa. Esses US$ 200 bilhões destinam-se a garantir as aplicações aqui feitas pelo capital especulativo. Bastaria que fossem de valor igual à dívida do setor público, cerca de US$ 40 bilhões. Quem paga a conta é o povo brasileiro. Há a certeza de que entre Mantega e Meirelles, Lula seguirá as ordens de quem efetivamente manda 'neste país', mesmo porque eu duvido que Lula tenha lido a entrevista acima referida, ou entendido se tivesse lido, visto como ele próprio afirma que é filho de uma mulher que nasceu analfabeta. Saudações,"

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