Cigarro

19/3/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"Meu caro migalheiro Antonio Claret Maciel Santos. Elevar ao máximo o preço do cigarro não me parece ser a solução para o problema do tabagismo. Palavra de fumante. Já fumei, já parei, já voltei a fumar, já parei de novo e voltei a fumar outra vez. Essa é a história dos fumantes, aos quais não interessa o preço dos cigarros. O preço dos cigarros, quanto maior for, interessa, isso sim, aos acionistas da indústria tabagista. E o principal acionista é exatamente o governo, do qual faz parte o Ministério da Saúde, que reclama dos gastos que enfrenta com os fumantes, o que é um evidente paradoxo. Ora, se o cigarro faz mal à saúde, que se proíba a fabricação e venda do produto. Não lhe parece mais lógico? Como se explica autorizar a venda um produto com a advertência (e fotos) de que usá-lo causará câncer e uma porção de outras misérias? Por que, então, não permitir a venda de leite contaminado com o alerta de 'atenção, este produto contém água oxigenada e soda cáustica e pode causar transtornos intestinais', deixando o consumo ao livre arbítrio dos consumidores? E as drogas? Por que esse escândalo todo? É só o governo assumir o refino e a venda, pois que o comércio é altamente rentável (como fez com as loterias, aliás) e liberar para o público, com a advertência: 'cuidado: pode causar dependência'. É de uma absurda contradição que o governo recolha milhões em tributos da indústria tabagista e vocifere contra o fumo, como se não tivesse nada a ver com isso, quando é o governo, exatamente o governo, o maior acionista desse milionário negócio. Aumentar o preço? Aumenta-se o lucro. É só o que acontece. Os acionistas agradecem. Se defender a saúde da população é obrigação do Ministério da Saúde, a fabricação e venda de cigarros, cigarrilhas e fumo em geral, deve ser proibida no Brasil. Essa é uma reivindicação de um fumante. Talvez assim eu pare de fumar. E de dar lucro à indústria e ao Governo. E, de quebra, preserve a minha saúde."

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