Padre voador

25/4/2008
Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL

"O último padre voador brasileiro que conhecíamos era Bartolomeu de Gusmão, sacerdote jesuíta, na verdade luso-brasileiro, inventor do primeiro aeróstato operacional, a passarola, para a qual lhe foi concedido privilégio por alvará imperial de 19 de abril de 1709. Era um pequeno balão de papel pardo grosso, cheio de ar quente, produzido pelo 'fogo material contido numa tigela de barro incrustada na base de um tabuleiro de madeira encerada'. Depois de várias tentativas, afinal a passarola, como ficou conhecida, teria voado diante do rei D. João V e da rainha, na Casa da Índia, e descido no Terreiro do Paço, em 8 de agosto de 1709. Nada parecido com a aventura temerária do padre Adelir de Carli, 300 anos depois, levado ao ar por 1.000 bexigas de festa, com gás hélio, literalmente, ao encontro do Senhor. Não foram poucos os que aconselharam o sacerdote a desistir da empreitada para a qual se considerava excepcionalmente preparado, o que foi desmentido pela sua última mensagem, por celular, quando disse, após informar que seu aparelho estava quase sem bateria, que: 'Preciso entrar em contato com o pessoal, para que me ensinem a operar esse GPS, para dar as coordenadas de latitude e longitude, que é a única forma que alguém por terra possa saber onde eu estou'. Nem ele sabia e ninguém ficou sabendo, porque o novo 'padre voador' sequer sabia como operar o GPS que levava. As buscas cessaram e o padre foi dado como desaparecido. Não vai ser lembrado como Bartolomeu de Gusmão, como uma das maiores figuras da história da aeronáutica mundial."

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