Ah! Sócrates – pelo menos ele sabia

28/4/2008
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Sr. diretor de Migalhas. Provavelmente Sócrates ao dizer que nada sabia estava investido do mesmo espírito que Cruz e Souza e eu ao escrever as linhas abaixo:

'Ninguém! (Elucubrações de um agnóstico!)

 

Ninguém sentiu o espasmo obscuro,

O ser humilde, entre os humildes seres:

Embriagado, tonto de prazei-es,

O mundo para ti foi negro e duro,

Cruz e Souza. Não sou nem uma gota d' água que, ao se esvair,

em vapor, retorna dos espaços para um novo ciclo

dos lagos, rios e oceanos, que banham este Mundo!

 

Não sou nem um grão de a r eia, do areal desértico,

que ao sabor dos ventos e das tempestades,

está ali e acolá, porém perenemente. Não sou, pois,

nem um minúsculo corpúsculo eterno deste imenso Universo...

 

Não sou nem sequer um meson, que se interpõe

entre prótons e elétrons, que se transformam em átomos,,

dando origem às moléculas!

 

Sei que estou neste mundo por um fugaz momento,

ligado por um ténue-fio a máquina do Tempo;

que compassa  lentamente, impassível, serenamente,

por segundos, minutos, horas dias, meses e séculos,

e que serei um dia dele desligado, inexoravelmente...

 

E quando chegar o momento, nada mais serei do que sempre fui;

ninguém, ninguém, para  sempre  ninguém; e ninguém eternamente,

que nesta vida está por um mero acidente de percurso

de um microgameta, que fecundou um óvulo, chegando à  frente,

 

Por que razão acreditar que há Alguém nesse imenso infinito que

me tenha feito a sua imagem e semelhança?

Ou até saiba se eu existo, ou que se importe com a minha efêmera

e mísera existência?'"

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