Operação Satiagraha

31/7/2008
Olavo Príncipe Credidio – advogado, OAB 56.299/SP

"Leio em Migalhas o comentário do dr. Wilson Silveira. Não sei. Não sou Lulista, não votei pra Lula; aliás, desde meus 70 anos, estou com 82, não voto pra ninguém; mas, por dever de consciência devo defender Lula, quanto ao sabia, não sabia. Quase sempre os políticos, ou os que se envolvem na política deparam-se com aliados que o que buscam é aproveitar-se da situação. Isto não se deu só com Lula é claro.Deu-se até com os militares,com a ditadura. Houve os que quiseram se aproveitar dela e foram expurgados, ex. Lacerda, Adhemar, Conceição das Neves, e outros, que eram. É preciso conviver na política para saber o que acontece aproximar-se sem mesclar-se. Eu fui um desses. Por amizade, aceitei ser assessor da Deputada Dulce Salles Cunha Braga e quando ela adoeceu, exonerei-me. Poderia envolver-me, mas não aceitei continuar na assessoria pois não confiava em quem me convidou, como confiei na Dulce, que era honestíssima... Não vou mais dizer nomes porque também já faleceu. Certa vez, muitos professores do ensino secundário, entraram no gabinete pedindo à Dulce para defender um projeto deles, dizendo-se eleitores dela. Eu, que não confiava em ninguém e continuo não confiando (diga-se de passagem) entreguei-lhes uma lista de apoio. Ninguém quis assinar, ela ficou surpresa. Até ela era ingênua. Eu tenho um lema: na política, como no amor, tudo vale. Quantos Lulistas que estão ao lado dele só porque ele e Presidente? Quantos são petistas por convicção? Ele sabe de tudo o que acontece ao redor dele? Claro que não!  Poderia citar dezenas de casos em que o indivíduo usou o nome de outros, para aproveitar-se. Sei de um caso que o individuo diz-se sobrinho de um figurão, por ter o mesmo sobrenome dele, e jamais passou nem sequer ao lado dele. Na época dos militares conheci um vendedor de flâmulas que conseguiu (não sei se era falsificada) uma ordem para vendê-las para benefício do exército e vendi-as muito bem, que sei que nem um real foi para o exército; ou quiçá foi para algum militar desonesto que lhe forneceu o documento, desconhecendo os que mandavam, o episódio. Uma coisa é certa. Esses advogados, que se dizem Lulistas ou petistas, sabem muito bem se aproveitar da ocasião, faturando milhões, quando nós, os demais, temos dificuldades até para sobreviver na carreira. Eles estão errados? Eu poderia ter aceitado a assessoria, ter-me-ia aposentado com 10 vezes a mais do que ganho hoje. Fi-lo (como dizia o Jânio) por foro íntimo, mas confesso: nada melhorou porque o fiz e prejudiquei-me a mim e a minha família. A questão é saber viver sem idealismo, a não ser ganhar mais, viver bem, por isso eles se aproximam dos que mandam. Estes sabem quais são os verdadeiros e fiéis companheiros e suas ações em defesa do bolso deles? Duvido! E também não lhes interessa, o que interessa é mandar, estar no comando. Eu poderia, pela minha experiência, citar muitos mais casos; mas sei que Migalha não dispõe de espaço para tantos comentários; e dou parabéns a ela por atender-me, naquilo que me atende. Atenciosamente,"

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