Unimed

28/9/2004
Ana Maria Milano Silva - advogada

"Todos os dias acesso a internet e o primeiro e-mail que leio é o de Migalhas. Noto que sempre há notícias "da hora". Estou enviando meu lamento para colocar todos os migalheiros a par do que ocorre nos bastidores das Unimeds. Não posso me estender muito, mas, resumidamente é o seguinte: meu pai tem 83 anos, há 11 tem o plano de saúde da Unimed Baixa Mogiana (Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Itapira). Ele soube que tem um aneurisma na aorta abdominal, já com 6 cm e, pela idade, não é aconselhável que se submeta a uma cirurgia "a céu aberto" pois isso levaria horas e horas de anestesia geral. Seu médico de Mogi, da Unimed, o aconselhou que consultasse médicos em SP, que dominassem uma nova técnica de cirurgia com anestesia peridural e inserção de prótese para correção do aneurisma através da virilha. A Unimed de Mogi não dispõe de médicos e de aparelhagem para essa cirurgia, mas todos sabem que, nesses casos as Unimeds fazem intercâmbios entre si e os procedimentos são autorizados em outros hospitais também conveniados. Entretanto, foi necessário o ingresso de uma ação judicial de Obrigação de Fazer, com pedido de antecipação de tutela, contra a Unimed da Baixa Mogiana, para que ela enviasse a autorização para o intercâmbio e documentação referente ao meu pai diretamente para a Unimed Paulistana. Tudo certo, houve a autorização também da Paulistana, cirurgia marcada, equipe preparada, material, aparelhos, tudo pronto para hoje, 23 de setembro. Qual não foi nossa surpresa e angústia quando o hospital telefonou dizendo que a Unimed Paulistana havia retirado sua autorização para a cirurgia mediante intercâmbio. Desespero total, meu pai vai morrer?? O adv. dele foi até a Unimed da Baixa Mogiana e esclareceu os fatos argumentando que então, devido a decisão judicial ela teria de arcar com todos os custos da cirurgia, no hospital que figura no processo judicial, inclusive em documentação, com a pronta internação marcada para hoje (o motorista estava aguardando - meus pais com malas arrumadas e angústia pela demora). Simplesmente disseram que não arcariam com os custos diretamente ao hospital e se houvesse um mandado judicial nesse sentido eles ingressariam com um HC e, como de praxe, o tribunal lhes concederia a liminar!!!! Estamos em compasso de espera, pedindo a Deus para que nada de ruim ocorra com meu pai. E agora vem a pergunta: a Unimed é tão poderosa assim? Por que essa certeza da impunidade? Por que esse desdém por uma decisão judicial tendo em vista a extrema gravidade do caso, que é de alto risco de morte? Tanto meu pai e eu somos advogados, sabemos manejar os instrumentos jurídicos, a justiça tem acatado os pedidos, até mesmo um Agravo que a Unimed ingressou no Tribunal não mereceu o efeito suspensivo, como fica quem não sabe agir prontamente? Fica à mercê de Planos de Saúde que só enxergam cifrões e não as vidas de seus filiados? Planos esses que sequer se submetem às decisões judiciais que os obrigam a cumprir os contratos, onde constam cláusulas abusivas? É preciso que algo seja feito. É preciso que muitos saibam o que ocorre nos bastidores dos planos de saúde, em especial na tão conceituada Unimed, com tantas propagandas na imprensa, na TV, em folhetos que chegam em nossas residências, mas que assim agem, em detrimento das vidas, e só em consonância com o dinheiro... Espero que meu pai saia desse cativeiro, onde ele está como refém da Unimed e talvez tenhamos que nos cotizar para pagar o resgate exigido pela sua vida..."

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