Lusíadas reescrito 29/10/2008 Wilson Silveira - CRUZEIRO/NEWMARC PROPRIEDADE INTELECTUAL "Ora pois. E não é que um gajo, que não sei quem é, vem postando na Internet, uma obra sua, um Lusíadas reescrito, os Lulasíadas, uma saga moderna, mais para os Brasís do que para a Pátria Mãe, mas que de igual modo a desvenda, com olhos observadores e com a afiada língua do poeta ? Trata-se, como o original, de uma verdadeira epopéia. Não posso afirmar se, como no caso da obra escrita por Camões, também esse texto foi aprovado pelo Censor do Santo Ofício com a ressalva de que 'os Deuses dos Gentios são Demônios', exatamente como no caso da obra derivada, abaixo." OS LULASÍADAS Os votos e os ladrões assinalados Que do nordeste agreste lulistano Por artifícios nunca d`antes perpetrados Passaram inda além das maracutaias, Sem perigos e guerras esforçados De quem vive na política gandaia E da gente humilde afanaram A grana com que tanto enricaram; E também as memórias ingloriosas Daqueles sem terra que foram se apossando Com engodo e fraude das terras produtivas Que do norte ao sul andaram invadindo, E aqueles que por obras viciosas Se vão da lei sempre se lixando, Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte. Cassem do vernáculo e da gramática Os erros nos discursos que fizeram; Cale-se de Machado e de Queirós Os textos sublimes que escreveram; Que eu canto o peito ilustre Lulistano, A quem as Martas e Matildes obedeceram. Cesse tudo o que o PT antigo canta, Que outro PT apequenado se abrilhanta. Deste ócio parlamentar sem mais temores, Alcança os que são de fama amigos Trezentos picaretas e graus maiores; Encostando-se sempre nos antigos Companheiros de cachaça e assessores; Foram anos dourados, entre os finos Lençóis de fio egípcio, puros linhos; Se esta gente que busca Ministério. Cuja valia e obras tanto acusaste, Não queres que padeçam vitupério, Como há já tanto tempo que ordenaste, E ouças mais, pois não és juiz direito, Dar razões a quem sucede que é suspeito. Passando ao largo o vento acalma Mas não duraria muito a calmaria Eis que um falso amigo denuncia Que um senhor falto de cabelos Traz malas cheias de alegria Mês a mês, com acertada pontaria, Pontualidade de antemão agradecida Pelos súditos que dançavam a quadrilha. Entre gentes tão fiéis e tão medrosas, Mostra quanto pode; e com razão, É tão fácil entre ovelhas ser leão. Sabe bem o que o Dirceu arquitetou, E de tudo o que viu com olho atento, Negou e negando assim ficou, Até mesmo quando outro companheiro Num hotel foi pego com dinheiro. São uns aloprados, explicou. Mas, com risonho e ledo fingimento, Tratá-los duramente determina, Pois assim engana o povo, imagina. Mas não lhe sucedeu como cuidava. Eis que aparecem logo em companhia Uns comparsas que freqüentavam aquela mansão, que de bordel em nada parecia. Corrupto já lhe chamam os inimigos, Danoso e mau ao fraco corpo humano E, além disso, nenhum contentamento, Que sequer da esperança fosse engano. Mas enxerga-se, num e noutro bando, Partido desigual e dissonante São muitos contra muitos; quando a gente Começa a alvoroçar-se totalmente «Viram todos o rosto aonde havia a causa principal do reboliço: entra em cena um caseiro, que trazia o testemunho sincero do serviço que as damas ali prestavam para tão seleta companhia, e onde fortunas repartiam.. Não perguntava, mas sabia As alegres badaladas que ali via. É um suceder de ventos malcheirosos. Denuncia a imprensa dos maldosos que o divino comandava um corpore ativo não explicando à roda solta a gastança com uns cartões em prol da segurança da coroa e do cetro lu-lalante. São rubis, esmeraldas, diamantes, em luzentes assentos bem cuidados, estofados à conta do erário. Outros serviçais todos assentados na Ordem e no Progresso concertavam desculpas para os tucanos que acusavam fazendo coro com os democratas que gritavam. (Precedem os antigos, mais honrados, Mais abaixo os menores se assentavam); Quando o divino alto, assim dizendo, com tom de voz começa grave e horrendo: - «Eternos moradores do luzente, Estelífero Pólo e claro Assento: sou o grande valor pros crédulos e inocentes, de mim não perdeis o pensamento, deveis de ter sabido claramente como é dos fatos grandes certo intento que por ela se esqueçam os humanos Genoinos, Delúbios, Gregos e Romanos" Mas em particular o esperto mui sabia, que mentir o faz mais elegante, Vereis como sorria e escarnecia, Quando das artes bélicas, diante Dele, com larga voz tratava e mentia. Para a disciplina militar ali prestante: "-não se aprende, senhores, na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando, senão vendo, cupinchando e armando".. Mas eis que fala falso, mas alto e rude, da boca dos pequenos sabia, contudo, que o louvor sai às vezes acabado. "Tem-me falta na vida honesto estudo, com longa malandragem misturado, E engenho, que aqui vereis presente, cousas que juntas se acham raramente". "Para servir-vos, braço às armas feito, Para cantar-vos, minto às Musas dada; Só me falece ser a vós aceito, De quem virtude deve ser prezada". "Se isto o Céu concede, e o vosso peito Oh dígna empresa, dígno empreiteiro, com a ladroagem mente e vaticina olhando a sua substituta assaz divina, a má, a ladra, a serpentuosa Medusa, agora a seu lado, na falsidade inclusa": "faça vista grossa para temas nauseantes". "Falaram-lhe até que uma tal de Hipotenuza e sua amiga uma tal de Geometria acusam-no de comportamento ultrajante"! "Não as conheço, nunca ouvi falar, como saber e conhecer não é meu forte, dos amigos acuados não me afasto, me aproximo, somos vinhos da mesma pipa, e subestimo, aqueles que intentam me acusar. O tempo passa, tudo há de se abafar!" "Com a minha estimada e leda Musa que me inspira o engodo e a farra plena, apanágio do malandro e do farsante, passeio pelo mundo em nau a jato, de sorte que a justiça não me alcance, como posso saber, se sou errante, metamorfose ambulante?" Envie sua Migalha