Esquerda e direita

10/11/2008
Romeu A. L. Prisco

"Afinal, o que é esquerda e o que é direita, salvo mãos e contra-mãos de trânsito? Mais ainda: o que é ser da esquerda e o que é ser da direita? No tempo da 'guerra fria', ser da esquerda era ser simpatizante do bloco da extinta URSS e ser da direita era ser simpatizante do bloco dos EUA? E agora, que o bloco soviético não mais existe e que só restou a Rússia com idéias e hábitos, como o capitalismo, que antes eram exclusividade da direita? Não se pode nem mesmo dizer que a 'moderna' China, fartamente exibida nos últimos jogos olímpicos, também com idéias e hábitos capitalistas, tenha substituído a extinta URSS. Outrossim, o que leva alguns esquerdistas a entenderem que certos hábitos e idéias são 'privativos' da esquerda e, assim, sequer devem ser pensados ou defendidos pelos rivais? Dois exemplos bem recentes, que demonstram uma ignorância descomunal, podem ser trazidos à baila. Esquerdistas, dizendo-se orgulhosos desta condição, vibraram com a vitória de dois negros, tidos como de origem humilde, em certames de realce mundial, como foram os casos de Lewis Hamilton, na Fórmula 1, e de Barak Obama, no pleito presidencial do EUA. Tais esquerdistas pretendem estabelecer uma relação entre a 'sua' esquerda, negros e origem humilde, como se, em algum lugar, estivesse escrito que supostos direitistas não podem vibrar com aquelas vitórias e se, pasmem, foram eles, direitistas, que as propiciaram! Aliás, já houve quem dissesse que as grandes obras da esquerda sempre foram realizadas pela direita. O que se nota, é que o espaço da chamada esquerda está cada vez mais reduzido, razão pela qual os esquerdistas remanescentes estão literalmente apelando, no mais amplo sentido figurado deste verbo. Nota-se, ainda, que, dentro desse reduzido espaço, pelo menos para a esquerda brasileira, só restou o regime implantado pelo agonizante Fidel Castro em Cuba, onde vige o princípio da 'absoluta igualdade na distribuição da pobreza'. Mas, isto, é o que menos querem, para si, os esquerdistas brasileiros, como bons apreciadores do genuíno 'scotch', do relógio 'Rolex' e de carros do ano, estes já não mais da cor vermelha."

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