Poltergalhas

27/11/2008
Luiz Tomaz do Nascimento Filho - OAB/MG 75.970

"Senhor redator, a propósito da informação "Poltergalhas" veiculada em Migalhas 2.036 (- 27/11/08), na qual se faz referência à pretensão manifestada por Renato Aragão de lançar no ano que vem um filme com o título: 'Didi Babá e os 40 ladrões', peço licença e paciência para formular pequeno, mais indignado, comentário. A menos que nos últimos anos se tenha alterado o conteúdo da narrativa original da fábula ‘Ali Babá e os 40 ladrões’, cujo livro ganhei, presente de aniversário, de meu pai, ainda nos idos dos anos 60, mas a verdade é que nunca vi um cidadão tão exemplar como o protagonista desta narrativa ter sua moral tão vilipendiada, tão ultrajada da forma a mais injusta possível. Sim, porque na história que li, Ali Babá era um modesto lenhador que descobre a caverna na qual um grupo de 40 ladrões, que com ele nenhuma ligação ou relação de subordinação mantinham, depositam o fruto de ações ilegais. Ali Babá, certo dia, dorme na caverna e por eles, ladrões, descoberto, mas consegue fugir, travando-se, a partir daí inumeráveis eventos e atritos, cujo final, revela nosso protagonista prendendo todos os ladrões sobreviventes, posto que alguns faleceram nesses entreveros, e devolvendo todo o conjunto de bens furtados e roubados ao governo da cidade, recebendo, claro, uma bela recompensa. Mas, muito mais que isso, tendo se tornado, desde minha infância, o símbolo maior de cidadão íntegro, honesto. Pergunta ingênua: por que todos, ou quase todos, inclusive o (a) responsável pela informação acima referida, insistem em transformar o pobre Ali Babá em chefe dos 40 ladrões? Até mesmo pessoas cuja cultura ou verve ressaltam aos nossos olhos, como por exemplo, o nobre Senador Arthur Virgílio, cuja combatividade admiro, asseverou com todas as letras, em análise figurada, que 'o Presidente Lula é o chefe dos 40 ladrões', referindo-se, mais uma vez, ao coitado do Ali Babá, como tal, por ocasião dos fatos ocorridos acerca do malfadado Mensalão. Sugiro que a OAB providencie um ato de desagravo em favor da moral e da imagem de tão dileto e íntegro cidadão, que, com certeza não merece padecer as agruras decorrentes da desinformação de alguns. Grato pela oportunidade e pela paciência de me 'ouvir'. Saúde e Paz para todos. Cordialmente,"

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