Falecimento - José de Castro Bigi

19/1/2009
Adauto Suannes

"Tenho algo a dizer do amigo Bigi (Migalhas 2.064 - 16/1/09 - "Falecimentos" - clique aqui), mais um corintiano que nos deixa. Éramos adversários em certa causa, vencida por meu cliente. O escritório dele apresenta Recurso Ordinário, onde o signatário do recurso, que não era ele, sustenta haver nulidade no Acórdão, por ser extra petita. Retruco negando a nulidade e transcrevendo cópia de parte da petição, parte da sentença e parte do acórdão, para demonstrar que a alegação era descabida. E, para provocá-lo: 'aliás, tal alegação caracteriza litigância de má-fé'. Ele pessoalmente assina o Agravo de Instrumento, que começa assim: 'o doutor Suannes, quando juiz, era um criador de caso; voltando a advogar, ficou pior ainda'. Passam-se os dias e estou para atravessar a praça João Mendes, a caminho do fórum. O Bigi está para fazer o caminho contrário, o que o fará vir em minha direção, se caminhar em linha reta. Em lugar disso, ele atravessa a praça fazendo um caminho diferente, para não dar de cara comigo. Eu, do lado de cá, vou andando de lado até ficar exatamente onde o Bigi aportaria. Estando nós frente a frente, ele me olha assustado, esperando pelo pior. Eu limito-me a dar-lhe um silencioso abraço. Nosso silêncio dizia tudo: vão-se os clientes e ficam as boas amizades."

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