Gato escaldado tem medo até de água fria

22/10/2004
José Renato M. de Almeida – Salvador/ Bahia

“Os empresários e comerciantes tupiniquins têm uma forma diferente das usadas em economias estabilizadas para enfrentar as maresias e tempestades eventuais, provocadas pelas ditatoriais medidas provisórias - definitivas nas delicadas questões político-econômica-financeira.

 

Precavendo-se dos congelamentos de preços de triste lembrança, mantém os preços nas alturas, mas praticam preços promocionais permanentemente, além de liquidações com até 50% de desconto só "até os dias tais", mas que devido ao "estrondoso sucesso" - quando não o gasto "a pedidos" - é prorrogada a cada semana.

 

Outra forma de promover as vendas com preços tão elevados é parcelamento do pagamento em até 12 vezes sem juros, o atualmente usado e abusado juros zero ou próximos de zero.

 

Creio que essa forma de autodefesa só será dispensada pelos empresários quando os consumidores entenderem - e demonstrarem - que não suportam mais ser enrolados com propagandas enganosas. Além de, evidentemente - só para relembrar a ministra Zélia - os governos nos três níveis (federal, estadual e municipal) e nos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) atuarem de forma responsável, aposentando a gangorra assustadora das medidas provisórias, que embrulham absurdos pacotes econômicos que tantos males provocaram e ainda provocam na cultura política-econômica e na credibilidade que o brasileiro concede aos seus governantes e às suas instituições basilares.

 

Ao executivo cabe não emiti-las e ao legislativo não acatá-las como sendo questão de urgência, de inadiável e grave importância à vida do país, conforme determina a legislação. Concordamos com o presidente: não dá para brincar com a economia... Nem com as demais coisas sérias da atribulada vida dos brasileiros menos abonados.”

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