Gramatigalhas

23/11/2004
Gabriel F. Leonardos

"Tenho uma pergunta para a Gramatigalhas. Nos últimos anos uma epidemia tomou conta das redações de jornais e revistas de nosso país, a saber, a utilização de "como" para anunciar exemplos, quando, na realidade, se quer dar uma informação precisa. Explico-me: li outro dia em jornal carioca que por causa de obras da Cedae faltaria água em bairros "como Copacabana, Ipanema, Tijuca e Barra". Ora, a utilização de "como" dá a entender que faltaria água em outros bairros, não expressamente mencionados, mas como saber quais são? Para um carioca é difícil imaginar o que os bairros citados na matéria têm em comum (além, obviamente, de serem todos bairros do Rio de Janeiro), para que seja possível fazer um exercício mental de extrapolação e conseguir imaginar quais outros bairros sofreriam a falta d'água. Motivo pelo qual torna-se mais difícil ainda imaginar que outros bairros seriam afetados pela falta d'água. Posteriormente, descobri que os bairros afetados eram apenas os citados, e não haveria nenhum outro. No Migalhas 1.052, de 22/11/2004, deparei-me com a utilização do "como" na seguinte notícia: "Na sexta-feira a Diagnósticos da América (dona de laboratórios como o Delboni Auriemo e o Lavoisier) fez a festa dos investidores...". Lendo a notícia fica a impressão que a empresa mencionada é dona de outros laboratórios. É isso mesmo que o jornalista quis dizer, ou ela é dona de apenas estes dois laboratórios? Não seria melhor dizer simplesmente "dona dos laboratórios Delboni Auriemo e Lavoisier", e, dessa forma, evitar a dúvida no leitor? Cordiais saudações,"

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