Política

18/8/2009
Pedro Luís de Campos Vergueiro

"Numa recente entrevista, Ciro Gomes revelou a grande verdade contida na máxima de que o lobo perde o pelo, mas não perde o vício (O Estado, 'Candidatura única é um risco incabível'). Em passado recente Ciro fez afirmações desairosas a respeito da posição da mulher em sua casa. Indecorosidade que não merece ser repetida mas que resultou uma baixa nas pesquisas pior do que a ocorrida na bolsa de valores. Agora repete a dose de sua insignificância. Referindo-se às pretensões (já são pretensões) da Marina Silva, ele não perdeu a pose coronelista machista: ela'...é uma defecção do PT, é mulher'. Ou seja, além de mulher, Marina é traidora! Pobreza de espírito, é claro. Não obstante. Não obstante essa sincera recaída, não deixou de manifestar uma outra sinceridade. Assim o Ciro Gomes se manifestou, o que vale à pena transcrever: 'Porque é uma defecção do PT, é mulher. Tem (a Marina) identificação com Lula de mais longo curso do que a Dilma. E a Marina pode se apresentar recuperando uma certa intransigência ideológica, ética, que a Dilma, pelo entorno político que hoje está, não pode'. Revelação? Confissão? Ele está hoje ao lado do poder dentro do qual já esteve. Essas suas palavras deixam bem claro que as candidatas Dilma e Marina se encontram em polos diametralmente opostos no que diz respeito à ética na política brasileira. Marina representando, como ele, Ciro, afirma, a 'recuperação' (recupera-se algo que se perdeu) da ideologia ética (a boa ética, é claro) que desde a primeira posse do Luiz Inácio foi sendo paulatinamente perdida, tanto por ele como pela Dilma, a qual, segundo essas suas palavras, não representa outra coisa senão a manutenção do atoleiro anti-ético e corrupto em que se transformou o Planalto Central com a chegada do PT ao poder, atoleiro esse que ela, Dilma, não terá condições de sanear. Ciro, portanto, deixa claro também que Dilma está envolvida e conhece os abusos que vêm sendo diuturnamente noticiados e que, por isso, não poderá, nem irá, recuperar a ética, ou que sejam os bons modos, na política brasileira. Aliás, isso seria mesmo difícil para quem até pouco tempo não sabia sequer sorrir e sempre falou com o dedo em riste."

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