Férias no Alvorada

13/1/2005
Fábio Luiz da Câmara Falcão - Diretor Jurídico da Brascan Energética S. A.

"Fiquei muito apreensivo com a migalha da leitora Marilene Felix, na qual alega que devemos deixar de ser mesquinhos em relação às férias dos amigos dos filhos do nosso ilustre Presidente e que as críticas na verdade estão eivadas de um fundo de inveja. Será que a Sra. (Srta.?) Marilene não está falando isso porque ela mesma teria sido parte da comitiva? Caso não, talvez ela não tenha analisado a questão com a propriedade que isso merece. Em primeiro lugar, alegar que as pessoas (ao que me parece grande parte do país) estão sendo mesquinhas, ela não considerou as pessoas que deixaram de ser atendidas pelo SUS por falta de recursos públicos (algumas até provavelmente morreram esperando), também não considerou outras que não têm escola decente para seus filhos (vide reportagens recentes sobre escolas sem material adequado para funcionamento) porque faltam recursos públicos e quantas pessoas não sofreram acidentes pela má qualidade das estradas, que não têm manutenção adequada por falta de recursos públicos. Será que estas pessoas estão sendo mesquinhas em criticar este fato? Eu arrisco dizer que não!!!! Felizmente não sofri problemas semelhantes a estes, mas desde já esclareço que não tenho qualquer inveja e nem ajo movido por qualquer sentimento de mesquinharia, pois sempre pago minhas férias do meu bolso e com prazer, e com certeza não tenho a menor intenção nos próximos anos de passar férias na companhia de nosso ilustre Presidente, sua distinta esposa e generosa família. Más, não posso deixar de criticar o fato, baseado no basilar princípio de que cada governante é responsável por garantir a correta e adequada utilização de verbas públicas. Não se esqueça, Sra. (Srta. ?) Marilene, que todas as despesas com o avião presidencial, com o palácio do planalto e a granja do torto são provenientes do erário público. Isso me faz crer que houve uma mal versação de verbas públicas e as autoridades competentes, seja do judiciário, do legislativo ou do executivo devem buscar a aplicação da lei, doa a quem doer, pois a Justiça não é cega por acaso, mas sim porque a lei deve ser aplicada sem distinção, mesmo que seja o Presidente da República ou sua família. Muito me espanta que o PT, partido que sempre pregou a boa versação de verbas públicas e tanto incomodou os Ministros de outros governos com despesas de viagens particulares (o que está corretíssimo), agora acha isso muito natural. Se quisermos ser um país sério, devemos ser sérios também. Lamento que algumas pessoas, como a Sra. (Srta. ?) Marilene, não consigam perceber isso e, mais ainda, perceber que esse tipo de atitude e reações como as dela nos afastam da tão sonhada figura, ainda não atingida, do ESTADO DE DIREITO."

Envie sua Migalha