Entrevista com o Diretor Jurídico Corporativo da InterCement, dr. Luiz Augusto Klecz

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A abertura ao debate e a troca de informações são extremamente valorosas quando o assunto é carreira e as escolhas profissionais que fazemos. O mercado jurídico ainda carece de muitas dessas informações e são raras as oportunidades em que somos brindados com a opinião de profissionais de bagagem e sucesso comprovados. Chegou o momento de conferir um bate papo da Salomon, Azzi Recrutamento Jurídico com Luiz Augusto Klecz, atual Diretor Jurídico Corporativo da InterCement, uma das maiores produtoras de cimento da América do Sul.

A carreira jurídica nas multinacionais

Entrevista com Luiz Augusto Klecz, Diretor jurídico corporativo da InterCement

A abertura ao debate e a troca de informações são extremamente valorosas quando o assunto é carreira e as escolhas profissionais que fazemos. O mercado jurídico ainda carece de muitas dessas informações e são raras as oportunidades em que somos brindados com a opinião de profissionais de bagagem e sucesso comprovados. Chegou o momento de conferir um bate papo da Salomon, Azzi Recrutamento Jurídico com Luiz Augusto Klecz, atual Diretor Jurídico Corporativo da InterCement, uma das maiores produtoras de cimento da América do Sul.

Salomon, Azzi Recrutamento Jurídico: O advogado empresarial de companhias nacionais vive um hoje um cenário completamente diferente do que vivia há anos. Grupos brasileiros hoje vão “às compras” e estendem sua atuação ao exterior. Em sua visão, quais as principais mudanças técnicas e comportamentais necessárias para um boa adaptação a esse novo cenário?

Luiz Augusto Klecz: De fato, com a expansão das “multinacionais brasileiras”, os advogados dessas empresas têm cada vez mais enfrentando o desafio de uma atuação cross-border. Obviamente, não se pode exigir que um advogado com toda sua formação no Brasil, entenda com profundidade os sistemas jurídicos de cada país em que sua empresa tenha ou passe a ter presença, mas é importante que possua uma noção do ambiente jurídico-empresarial, regulatório e dos costumes locais. Para as questões mais técnicas, é preciso contar com uma boa equipe local e/ou bons escritórios de advocacia parceiros. Mas, em minha opinião, a maior mudança mesmo é a comportamental. O profissional de uma multi brasileira precisa estar aberto a absorver novas culturas e a compreender as peculiaridades de cada país, pois nem sempre a nossa lógica (não só a jurídica) se aplica a outros países. Nem preciso dizer o quão fundamental é o domínio de outros idiomas.

S.A.: Ao longo de sua trajetória profissional o senhor teve a oportunidade de estar à frente de Departamento Jurídico no Brasil e no exterior. Certamente se deparou com profissionais vindos das mais diversas escolas do Direito. Como avalia a formação e qualidade dos profissionais do Direito na América Latina em comparação com o Brasil?

L.A.K.: Assim como no Brasil, há ótimas escolas de Direito na América Latina, formando excelentes profissionais. Percebo que boa parte das escolas ainda padece do mesmo problema que temos aqui, qual seja, uma formação quase que exclusivamente técnica, que não envolve devidamente o aluno no mundo empresarial “real”. Por outro lado, assim como temos no Brasil, há bons cursos de pós-graduação no exterior – em direito mesmo, administração e finanças - que ajudam a completar uma formação mais empresarial. Aliás, recomendo essa complementação curricular a todos os advogados, principalmente àqueles que pretendem seguir carreira dentro de empresa.

S.A.: Há uma crescente ideia de que no Brasil os cursos de Direito estão formando “errado”, pois ainda insistem na preparação estritamente técnica do futuro profissional, deixando de lado o desenvolvimento negocial. O senhor tem a mesma sensação?

L.A.K.: Tenho. Como falei na questão acima, sinto que falta às escolas de Direito, de uma maneira geral, uma formação que vá além das fronteiras puramente técnico-jurídicas. A FGV, ao menos pelos comentários do mercado e pela grade curricular, parece vir com algo inovador neste sentido. E tenho visto que a discussão sobre a necessidade de uma preparação escolar mais ampla vem tomando cada vez mais corpo no ambiente jurídico em geral, o que me parece muito apropriado.

S.A.: Em sua opinião, quais os principais pontos de melhoria aos quais escritórios de advocacia devem se atentar no atendimento às empresas em geral?

L.A.K.: Penso que os escritórios de advocacia devem se empenhar cada vez mais em conhecer o negócio do cliente e, muito importante, a conjuntura em que se insere. Seja em contexto de recessão ou de prosperidade econômica, a competitividade empresarial é muito grande, e é fundamental que as bancas de advogados estejam atentas às mudanças e inovações que acabam diferenciando positivamente uma empresa de seus concorrentes. Quando isso ocorre, as discussões ganham muito mais qualidade e o advogado externo se torna um verdadeiro parceiro nos negócios da empresa.

S.A.: Quais os seus conselhos para o advogado que pretende fazer a transição do ambiente de escritório de advocacia para um Departamento Jurídico?

L.A.K.: Entendo que o advogado de escritório que decide migrar para um Departamento Jurídico de empresa deve visar encurtar o prazo de adaptação ao ambiente corporativo; a dinâmica da empresa vai exigir isso do profissional. Para tanto, terá que ajustar seu modelo mental, assimilar os valores da corporação, mergulhar nos seus negócios e buscar, tanto quanto os profissionais de outros departamentos, a consecução dos objetivos almejados pela companhia. Mesmo que o advogado esteja em etapa inicial da carreira, quanto melhor ele absorver que o seu trabalho é parte integrante da estratégia da empresa, melhor aprimoramento terá e melhores serão os seus resultados.

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