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TJ/MG - Juiz reconhece união de duas mulheres

"O princípio da igualdade significa conceder tratamento isonômico aos cidadãos, no intuito de impedir discriminações arbitrárias e apartadas do ordenamento jurídico", comentou o juiz Luiz Artur Rocha Hilário, 27ª Vara Cível de Belo Horizonte, ao reconhecer a união estável entre duas mulheres, concedendo, por conseqüência, os direitos patrimoniais a uma delas. A decisão foi publicada no dia 14 de setembro.

Da Redação

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Atualizado às 09:02


TJ/MG

Juiz reconhece união de duas mulheres

"O princípio da igualdade significa conceder tratamento isonômico aos cidadãos, no intuito de impedir discriminações arbitrárias e apartadas do ordenamento jurídico", comentou o juiz Luiz Artur Rocha Hilário, 27ª Vara Cível de Belo Horizonte, ao reconhecer a união estável entre duas mulheres, concedendo, por conseqüência, os direitos patrimoniais a uma delas. A decisão foi publicada no dia 14 de setembro.

De acordo com o processo, as duas mulheres viveram juntas por 15 anos, desde 1988, até o falecimento de uma delas, auxiliar de enfermagem, em maio de 2003. A outra companheira relatou que durante a União, dividiram a mesma residência e pouparam para adquirir um veículo Pálio Weekend, ano 97.

Ela entrou com ação de reconhecimento e dissolução de sociedade de fato para garantir seus direitos em relação ao veículo e também à parte de um imóvel herdado pela companheira, no bairro Pompéia, onde, aliás, residiu com a auxiliar de enfermagem. Os demais herdeiros, representados por uma irmã da auxiliar de enfermagem, "não reconheceram o direito da outra mulher, alegando que no Brasil não há legislação que reconheça a união entre homossexuais".

O juiz chegou a encaminhar o processo para uma das varas de família, mas após questionamento, o TJ confirmou a competência da 27ª Vara para decidir a ação.

Assim, o juiz Artur Hilário, com base na Constituição, jurisprudências e também nas provas apresentadas, considerou "demonstrado de forma inequívoca o relacionamento estável entre as duas mulheres, entre 1988 e 2003". Ele citou documentos e os depoimentos de testemunhas que conviveram com o casal de mulheres para concluir que a união "se pautou pela convivência duradoura, notória e sem interrupção, com ânimo de conceber uma família."

Ele reconheceu a união como homoafetiva e estável, "diante da analogia feita entre a união estável e o caso presente, bem como da prova documental e testemunhal carreada aos autos" explicou.

A sentença, por ser de 1ª Instância, está sujeita a recurso.

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