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Brasil: acreditar e investir (Parte II)

O Brasil já está na era da Web 2.0 ou ainda continua patinando no 1,99? Nossa conectividade (capacidade e qualidade de conexão na internet) já é 2.0 ou ainda estamos no 1,99?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Atualizado em 17 de novembro de 2009 16:55


Brasil: acreditar e investir (Parte II)

Conectividade 2.0 ou 1,99?

Luiz Flávio Gomes*

O Brasil já está na era da Web 2.0 ou ainda continua patinando no 1,99? Nossa conectividade (capacidade e qualidade de conexão na internet) já é 2.0 ou ainda estamos no 1,99?

O mundo inteiro civilizado já está usufruindo ou está se movendo para alcançar (o mais breve possível) um alto nível de conectividade. Mas no Brasil (como já enfatizávamos na Parte I) o acesso à banda larga (ou seja: nossa conectividade) ainda é muito caro (a) e pouco eficiente. Pesquisa do Barômetro Cisco da Banda Larga mostrou que só 5,8% dos brasileiros se conectam à internet em alta velocidade (Argentina: 8,8%; Uruguai: 7,6%; Coréia do Sul: 86%; Austrália: mais de 50% etc.) (Carta Capital, 04.11.09, p. 68).

A internet japonesa, sem sombra de dúvida (já sublinhamos isso em outro artigo), é o sonho de consumo de todo habitante (plugado) do planeta. Por mais ou menos 70 reais é possível ter acesso (no Japão) a uma internet de 100 Mbps (4 seria o necessário, 12 seria extraordinário) (cf. El País de 16/9/09, p. 24). Metade da população japonesa já navega nessa velocidade (100 Mbps). Coréia do Sul é o segundo país do mundo com maior velocidade na internet (média de 45 Mbps).

Na Finlândia (primeiro país do mundo em que o acesso à internet passou a ser um direito do cidadão, por lei) até 2010 todos terão direito a uma conectividade de 1 Mbps. Em 2015 isso chegará a 100 Mbps.

Duas iniciativas (no Brasil) estão em andamento: uma do Estado de São Paulo (250 Kbps, por R$ 29,80) e outra do governo federal. Nenhuma está pensando em oferecer, por preços populares, conectividade superior a 256 Kbps. Isso é totalmente insuficiente para atender as necessidades básicas do cidadão (telefonia pela internet, por exemplo), da educação (telemedicina, educação a distância) e do aumento da produtividade das empresas (o que faria com que o Brasil se convertesse num país mais competitivo).

Não só é pouco o que estão projetando, como ainda nem sequer se sabe (no plano federal) se isso será feito exclusivamente pelo poder público ou pelas empresas privadas (ou por ambos). Para a ONU é considerado acesso de banda larga o que atinge 2 Mbps. Como se vê, estamos ainda muito longe desse patamar. Mas o ideal, como vimos, são 4 Mbps. O excelente seriam 12 Mbps.

O Brasil hoje é a nona economia do mundo e está (ou estaria) pretendendo ser a quinta nos próximos anos. Como se percebe, pode até alcançar esse objetivo por outros caminhos, mas vai faltar infraestrutura (ao que tudo indica) no que diz respeito à sua conectividade. Para que o Brasil chegue em 2014 a 30 milhões de acessos fixos e 50 milhões de acessos móveis (de celular) são necessários de R$ 32 a R$ 38 bilhões de reais (cf. Valor Econômico e Estado de S. Paulo). Quem se habilita a fazer esse investimento? Se for a área privada, sabemos que seus preços só são acessíveis às classes A e B. Ocorre que não se pode falar em democratização (popularização) da alta velocidade se ela não chegar também para (pelo menos) as classes C e D. Sendo hoje o acesso à banda larga um produto de primeira necessidade, não há como pensar em sua expansão sem a participação do poder público.

E por que vamos necessitar (cada vez mais) de uma melhor conectividade? Porque a tendência (mundialmente notada) é incrementar a troca de vídeos, imagens e dados. De outro lado, como afirma Andreas Weigend (ex-cientista-chefe da Amazon), está chegando a web 3.0, que terá como eixo a "interação". A web 2.0 tem a ver com participação, mas não necessariamente com interação entre as pessoas. A grande novidade será a inteligência coletiva (...); as informações, que hoje são em grande parte inúteis no Facebook ou no Twitter, passarão a ser úteis" (HSM.com.br).

Nisso pode residir (talvez) uma tendencial diferença entre a web 2.0 e a web 3.0. Um exercício de futurologia nos permitiria afirmar: é bem provável que venhamos a ter no futuro (nas redes sociais) muito mais informações de utilidade pública (ou de utilidade para os outros) que dados pessoais (íntimos, privados). O mundo da privacidade talvez venha a ser mais preservado, diminuindo-se a extimidade, salvo quando isso possa ser útil para os outros.

De qualquer maneira, tudo isso consome (e exige) muita banda larga. E muita banda larga (de qualidade) significa alto custo. Quem quer ter alguma relevância no mercado deve estar conectado de muitas maneiras. Só site não basta. Só blog é insuficiente. Só twitter é pouco. Só redes sociais não são o ideal. Ou seja, tudo deve ser feito concomitantemente, velozmente, e isso não custa pouco. Investir ou não investir? (essa é a questão). Se você investir, pode ter uma conectividade 2.0. Se não investir terá a de R$ 1,99!

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*Diretor Presidente da Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes







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