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O STF recebeu parecer em que a Procuradoria Geral da República opinou pelo não conhecimento ou, sucessivamente, pelo não provimento da ADPF 165.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Parecer
STF recebe parecer contrário à ação da Consif sobre decisões de planos econômicos
O STF recebeu parecer em que a Procuradoria Geral da República opinou pelo não conhecimento ou, sucessivamente, pelo não provimento da ADPF 165 (clique aqui). Na ação, a Confederação Nacional do Sistema Financeiro - Consi) pede a suspensão, em caráter liminar, de qualquer decisão judicial que tenha por objeto a reposição de alegadas perdas decorrentes dos planos de estabilização econômica conhecidos como Planos Cruzado, Bresser, Verão, Collor I e Collor II, editados no período de 1986 a 1991, até que o STF unifique a jurisprudência a eles concernente.
Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a confederação não tem legitimidade para provocar o controle concentrado desses planos em toda sua amplitude, porque muitas das matérias não dizem respeito aos seus objetivos estatutários ou são de interesse direto de outras entidades de classe.
A tese apresentada pela Consif é a de que as normas que alteram a política monetária incidem imediatamente sobre os contratos em curso de execução, uma vez que elas tratam de regime legal de moeda, "não se lhes aplicando as limitações do direito adquirido e do ato jurídico perfeito". Contudo, segundo o procurador-geral, o STF já decidiu (Adin 493 - clique aqui) que o inciso XXXVI, do artigo 5º, da CF/88 (clique aqui) se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, "sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva".
De acordo com ele, o Supremo assentou que "as normas infraconstitucionais que modificaram os rendimentos da caderneta de poupança não podem atingir contratos de adesão, firmados entre poupador e estabelecimento bancário, durante a fluência do prazo estipulado para a correção monetária (mensal)".
No entanto, Roberto Gurgel avalia que a Consif segue uma linha de argumentação que busca desviar desse quadro. "Ela trata dos planos econômicos em sua globalidade - quando não tem legitimidade para tanto - e faz uso daquela outra jurisprudência, de que não há direito adquirido a padrão monetário", disse, ao ressaltar não ter sido a alteração da moeda que provocou o impacto econômico nas instituições financeiras, "mote da presente ação". Segundo ele, a questão apresentada na ADPF é a correção monetária das cadernetas de poupança.
O parecer também questiona a invocação do princípio da segurança jurídica. "Parece ignorar que, há anos, a jurisprudência está estabilizada em favor do poupador, e este aguarda apenas que lhe seja pago o que lhe é devido. Mudar agora as regras do jogo é que significará grave insegurança jurídica", afirmou o procurador. Conforme ele, não há razão jurídica que justifique a alteração do entendimento sedimentado dessa Corte.
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15/4/10 - STJ - Prazo para ajuizar ações civis públicas sobre planos Bresser e Verão é de 5 anos - clique aqui.
8/4/10 - STJ vai definir prazo prescricional em ações civis públicas sobre expurgos inflacionários - clique aqui.
28/2/10 - OAB quer audiência pública do STF para discutir perdas decorrentes de planos - clique aqui.
27/1/10 - Portaria do TJ/SP suspende a distribuição de novas apelações que chegarem à seção envolvendo a cobrança de diferenças de cadernetas de poupança - clique aqui.
9/1/09 - Planos econômicos e o Judiciário - clique aqui.
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Por: Redação do Migalhas
Atualizado em: 19/4/2010 08:59
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