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Resposta à CNPH - Centro Nacional de Pesquisas Históricas

Veja a resposta à carta enviada aos ministros do STF

Da Redação

quinta-feira, 24 de julho de 2003

Atualizado às 16:04

 

 

Resposta à CNPH - CENTRO NACIONAL DE PESQUISAS HISTÓRICAS

 

Veja abaixo a carta enviada pelo leitor Marcio Bern, em resposta à carta enviada pelo leitor Siegfried Ellwanger e pelo CNPH - CENTRO NACIONAL DE PESQUISAS HISTÓRICAS ao STF (Migalhas n°726 - 24/7/03 - Migalhas dos leitores - I)

 

Sobre a nota enviada, tenho alguns pontos à corrigir sobre as inverdades tendenciosas ditas pela CNPH

 

São elas :

 

1- Como em toda religião, credo, entidade política ou não política, agremiação, associação ou simplesmente grupo, sempre vão existir partidários de opiniões diversas e muitas vezes antagônicas. O Rabino Henry I Sobel infelizmente acaba se tornando um ícone para que muita gente o utilize como símbolo e representante máximo da nossa comunidade Judaica, seja aqui no Brasil ou no exterior. A conduta praticada pelo mesmo já foi duramente repreendida por membros de nossa Comunidade, pelo fato dele promover o seu Marketing pessoal de maneira exacerbada. Vale a pena também ressaltar que o mesmo Rabino Henry I Sobel é sem dúvida nenhuma um grande líder de nossa comunidade, o qual tem uma função catalisadora de grande importância fazendo o papel de congregador.

 

Sobre a sua frase que realça a analogia entre Sionismo e Judaísmo, voltou a endossar a mesma e de fato Sionismo e Judaísmo caminham de mãos dadas e possuem o mesmo "princípio ativo". A CNPH ao dizer que praticamos racismo, fere os nossos princípios, nos agredindo com a enorme inverdade que proclama. Não somos racistas, somos apenas uma comunidade espalhada pelo Mundo (muito disso é graças as constantes perseguições que sofremos) que temos como identidade o Estado de Israel. Todo e qualquer judeu, indiferente de sua etnia ou situação social, é visto de maneira igualitária, sem a menor distinção, ao contrário que a mesma CNPH se referiu. O appartheid, política que reinou na Africa do Sul, essa sim segregava e discriminava os negros perante os brancos. O Estado de Israel recebeu e recebe diariamente centenas, milhares de judeus de todas as etnias, cores, filosofias e todos esses são perante ao Estado considerados de maneira igual. Com isso digo que os falashas, assim como os judeus que emigraram da antiga URSS, assim como os judeus argentinos são tratados de maneira igualitária tendo os mesmos direitos e as mesmas obrigações, o que é a isonomia que paira sobre o nosso Estado de Israel. Todos com idade de 18 anos servem exército por exemplo.

 

Quanto ao fato da reunião de fundos, toda e qualquer comunidade fora de seu centro pratica igualmente o que nós Judeus realizamos pelo mundo. Essa reunião e arrecadação de fundos não é destinada a compra de armas e nem para fomentar o terrorismo, como grupos palestinos fazem. São arrecadações que visam a manutenção não só física do nosso Estado, que diga-se de passagem vai muito bem, mas a manutenção de nossa cultura, nossa religião. Um bom exemplo disso é o KKL (Keren Kayemet L'Israel), que é uma entidade sem fins lucrativos que arrecada fundos por todo o mundo visando o reflorestamento e a prática ecológica.

 

2- Sobre o casamento misto, a CNPH está tentando confundir explicitamente conceitos como RACISMO e CONTINUIDADE, o que são muito distintos e paralelos .

 

Um casamento misto é sim um obstáculo para a continuidade de uma religião. Apenas isso. Existem muitos casamentos mistos aonde uma das partes se converte a religião judaica de livre e total espontaneidade. Todos que se convertem são bem-vindos e bem integrados. Portanto não existe racismo e sim preocupação com a continuidade. Sendo assim, pergunto a CNPH qual a opinião que eles podem ter quanto à crescente onda de conversão ao Islamismo? Quero que eles me digam se isso pode ser enquadrado também como racismo.

 

3- Quanto ao fato ocorrido durante a 2GM, só posso entender como piada o que a CNPH proferiu. Basta uma visita aos campos de concentração espalhados por toda a Europa, não só aos mais famosos como Auschwitz e Treblinka, para se poder notar não só a infra-estrutura logística e sim se constatar quanto a enormidade do número de vítimas que passaram pelos mesmos. Já que eles buscam a vertente histórica, posso endereçar alguns museus e centro de pesquisa espalhados por vários continentes como o Museu do Holocausto em Washington, DC - USA , o de Berlim e ao Yad Vashem em Jerusalém. Negar o holocausto ou subestimar o holocausto é além de ignorância é uma grave falta com o compromisso histórico da verdade. Um pequeno número para ser apurado : A Polônia, era uma das maiores nações que abrigavam os judeus na Europa naquela época com mais de 2.000.000 (DOIS MILHÕES) de judeus, isso é fato, e hoje essa mesma nação possuem nada mais que 40.000 (QUARENTA MIL) .

 

Então pergunto : Onde foram parar esse saldo deficitário de vidas ? Aonde ? Um entendimento errado, o que é da CNPH é como esconder a sujeira de baixo do tapete.

 

4 - A Igreja católica. Sobre essa entidade posso discorrer com bastante tranqüilidade. A CNPH estabelece uma postura bastante tendenciosa favorável a tal entidade.

 

O atual Papa, em uma de suas brilhantes e coerentes atitudes durante sua gestão, procurou e procura com grande energia uma aproximação melhor junto a Comunidade Judaica Internacional com o propósito de melhorar a imagem nefasta e nebulosa que a mesma etnia teve durante o conflito da 2GM. A Igreja Católica se postou como indiferente em relação a hecatombe cometida pelo Governo Nazista durante a 2GM. Não só a Igreja como tantas outras entidades político-sociais se abstiveram ao que o regime Nazista praticava e praticou. Então uma opinião distorcida do Arcebispo Grings só confere e retifica as práticas anteriores dessa entidade que é a Igreja Católica. Quando me refiro a outras entidades, estou me referindo as instituições financeiras suíças, aos museus europeus, as empresas alemãs que empregaram prisioneiros em regime de escravatura entre tantas outras.

 

Certo do compromisso com a verdade , agradeço pelo espaço,

 

Marcio Bern

 

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