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Lava Jato

Imiscuindo-se nas eleições, Moro retira sigilo de delação de Palocci

Palocci disse que Lula fez indicação para 'garantir ilicitudes' na Petrobras. Confira o documento.

Da Redação

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Atualizado às 17:05

O juiz Federal Sergio Moro retirou o sigilo de parte do acordo de delação do ex-ministro Antonio Palocci no âmbito da Operação Lava Jato nesta segunda-feira, 1º.

No documento, Palocci afirma que o ex-presidente Lula teria indicado Paulo Roberto Costa para a Petrobras com o objetivo de "garantir ilicitudes" na estatal e que usou o pré-sal para conseguir dinheiro para campanhas do PT.

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O ex-ministro afirmou que "houve desonestidade em toda a estrutura do PT e dentre todas suas lideranças", e que "os ilícitos permearam todas essas relações".

Ele também afirmou que o PT se posicionou "fortemente na Petrobras" por meio de indicações para a diretoria financeira pelo ex-presidente Lula, e que a nomeação de Renato Duque, a pedido de empresários que tinham relacionamento com José Dirceu, fez com que houvesse o posicionamento de importante peça da operação financeira junto à petroleira.

"LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA decidiu resolver ambos os problemas indicando PAULO ROBERTO COSTA para a Diretoria de Abastecimento; isso também visava garantir espaço para ilicitudes, como atos de corrupção, atendia tanto a interesses empresariais quanto partidários."

De acordo com Palocci, nas diretorias de Serviço e Abastecimento "houve grandes operações de investimentos e, simultaneamente, operações ilícitas de abastecimento financeiro dos partidos políticos". O delator afirmou que "o governo não sabia, à época, qual era o ganho pessoal dos diretores nessas operações; que isso não interessava ao governo que, embora não gostasse da prática, não trazia grandes preocupações".

O ex-ministro conta que, em fevereiro de 2007, após a reeleição de Lula, teria sido convocado pelo então presidente em ambiente reservado no primeiro andar, momento em que Lula, "bastante irritado", disse que teve ciência de que diretores da Petrobras Renato Duque e Paulo Roberto Costa estavam envolvidos em crimes no âmbito de suas diretorias e que, tendo Palocci confirmado, indagou quem havia nomeado os diretores, ao passo que Palocci informou que havia sido o próprio Lula o responsável pelas nomeações. Para Palocci, Lula agiu daquela forma para saber a dimensão dos crimes, e também se o colaborador aceitaria sua versão de que não sabia dos ilícitos, e que o ex-presidente não tomou medidas posteriores para tirar os diretores dos cargos. "A intenção de LULA era clara no sentido de testar os interlocutores sobre seu grau de conhecimento e o impacto de sua negativa."

"Ninguém dá dinheiro para campanhas esperando relações triviais com o governo", disse também o delator, afirmando que as doações oficiais para campanha podem ser lícitas ou ilícitas, e que o TSE não sabe de sua ilicitude porque não fiscaliza a origem do dinheiro. "A maior parte das doações registradas no TSE é acometida de origem ilícita."

Acordo de delação

O acordo de Palocci foi firmado com a Polícia Federal no fim de abril e homologado pelo TRF da 4ª região. No termo de delação, o ex-ministro se comprometeu a pagar R$ 37,5 milhões como indenização pelos danos penais, cíveis, fiscais e administrativos dos atos que praticou.

Palocci está preso desde 2016 e tem uma condenação a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

  • Processo: 5063130-17.2016.4.04.7000

Confira o despacho do juiz

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