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Saddam Hussein é condenado à morte por tribunal em Bagdá

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Da Redação

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Atualizado às 08:32

 

 

Enforcamento

 

Saddam Hussein é condenado à morte por tribunal em Bagdá

 

O ex-presidente iraquiano, Saddam Hussein, foi condenado à morte por enforcamento por um tribunal em Bagdá por crimes contra a humanidade.

 

Saddam e outros sete réus estavam em julgamento pelo assassinato de 148 moradores do vilarejo de Dujail, de maioria xiita.

 

Barzan Ibrahim al-Tikriti, meio-irmão de Saddam, e um ex-juiz que serviu durante o regime, Awad Hamed al-Bander, também foram condenados à morte.

 

O ex-vice-presidente do Iraque, Taha Yassin Ramadan, foi condenado à prisão perpétua e três outros integrantes do partido Baath foram condenados a 15 anos de prisão.

 

Um outro integrante do partido, Mohammed Azawi Ali, foi absolvido por falta de provas.

 

Quando foi chamado para entrar na sala do tribunal, Saddam vestia um terno escuro e uma camisa branca e carregava uma cópia do Alcorão.

 

O juiz Rauf Abdel Rahman mandou que Saddam se levantasse para ouvir o veredicto, mas o ex-presidente iraquiano se recusou e teve de ser levantado por funcionários do tribunal.

 

Quando o juiz começou a ler a sentença, Saddam gritou "Deus é grande!", "Viva o Iraque! Viva o povo iraquiano!" e "Abaixo os traidores!".

 

Reações

 

O primeiro-minisro iraquiano, Nouri Maliki, fez um pronunciamento na televisão afirmando que a sentença dada a Saddam "não era uma sentença para um homem, mas uma sentença contra todo o período obscuro de seu regime".

 

"Talvez isto vai ajudar a aliviar a dor das viúvas e órfãos e daqueles que receberam ordens de sepultar entes queridos em segredo, para aqueles que foram forçados a reprimir seus sentimentos e sofrimento e para aqueles que pagaram nas mãos de torturadores."

 

A Casa Branca, em Washington, também aprovou o veredicto.

"É um bom dia para o povo iraquiano", disse o porta-voz da Casa Branca Tony Snow.

 

Mas a União Européia pediu que o Iraque não execute a sentença de pena de morte.

 

'Sorriso'

 

Saddam aparentava estar chocado e bravo e continuou a gritar, acusando o tribunal, o juiz e as forças de ocupação americanas no Iraque.

 

Mas o editor da BBC para assuntos internacionais, John Simpson, disse que, ao deixar a sala do tribunal, Saddam parecia ter um leve sorriso nos lábios.

 

"Era como se ele estivesse pensando 'Eu vim aqui e fiz o que eu pretendia fazer'", afirmou Simpson.

 

Logo depois que o veredicto foi entregue, tiros de comemoração foram ouvidos em Bagdá.

 

No distrito xiita Cidade de Sadr houve celebrações nas ruas, com pessoas em carros, buzinando. Também houve cenas de comemoração na cidade de Najaf.

 

Em Bagdá, as comemorações desafiaram o toque de recolher de 12 horas que havia sido imposto, proibindo pedestres e veículos de circularam.

 

Cidade natal

 

Simpatizantes de Saddam desafiaram toque de recolher em Tikrit

Logo depois que a sentença foi lida, houve relatos de episódios violentos no distrito sunita de Azamiya, em Bagdá, com tiros de metralhadora e morteiros sendo disparados.

 

Apesar de o toque de recolher na cidade natal de Saddam, Tikrit, milhares de pessoas expressaram seu apoio a Saddam Hussein.

 

Eles marcharam pela cidade gritando "Nós te vingaremos, Saddam".

 

Quase três anos desde que Saddam Hussein foi capturado, a violência sectária tem levado o Iraque à beira da guerra civil.

 

O correspondente da BBC em Bagdá, Andrew North, disse que poucos iraquianos acreditam, no entanto, a sentença de Saddam irá ajudar a reduzir a violência, mesmo os que querem ver o ex-líder morto.

 

'Justiça de vitorioso'

 

Saddam Hussein e os outros acusados têm direito a apelar da decisão, mas acredita-se que o processo deve levar apenas algumas semanas e terminar com derrota para os acusados.

 

Mas muitos críticos afirmam que o julgamento de Saddam representou uma forma de 'justiça dos vitoriosos', uma vez que os Estados Unidos acompanharam o processo de perto.

 

Antes de a sessão terminar, o ex-procurador-geral dos Estados Unidos, Ramsey Clark, foi retirado do tribunal depois de entregar um recado ao juiz no qual chamava o julgamento uma "farsa".

 

Advogados de Saddam Hussein acusaram o governo de interferir com os procedimentos - uma reclamação que teve o apoio do grupo de direitos humanos Human Rights Watch.

 

Os advogados também criticaram o momento em que o veredicto foi anunciado, dias antes das eleições americanas.

 

O Partido Republicano, do presidente George W. Bush, corre o risco de perder o controle do Congresso em parte por causa da insatisfação em relação à situação no Iraque.

 

Reações ao veredicto

 

Líderes no Iraque e ao redor do mundo começaram a dar suas reações depois que um tribunal em Bagdá condenou o ex-presidente iraquiano, Saddam Hussein, à morte por enforcamento por crimes contra a humanidade.

 

Leia abaixo algumas declarações.

 

Nouri al-Maliki, primeiro-ministro iraquiano

 

"A justiça que foi feita é uma resposta ao pedido de milhares de irmãos e irmãs daqueles que foram executados por Saddam...

 

Talvez isso ajude a aliviar a dor de viúvas e órfãos, de todos os que foram obrigados a enterrar seus familiares em segredo, daqueles que foram forçados a reprimir seu sofrimento, daqueles que tiveram de pagar nas mãos de torturadores, daqueles que foram privados de direitos humanos básicos, como educação e uma profissão."

 

Jalal Talabani, presidente iraquiano

 

"Eu acredito que o julgamento foi justo. As pessoas tiveram o direito de dizer o que queriam.

 

Eu devo respeitar a independência do Judiciário iraquiano. Eu não devo fazer comentários até o final...porque os meus comentários poderiam afetar a situação."

 

Khalid al-Attiyah, presidente do parlamento iraquiano

 

"Nós esperávamos a pena máxima para o criminoso Saddam Hussein e seus comparsas porque eles cometeram crimes horríveis contra o povo iraquiano, os árabes, os muçulmanos e toda a comunidade internacional.

 

Por causa disso, nós não estamos surpresos com o veredicto, pelo contrário, este veredicto tem sido esperado há muito tempo."

 

Zalmay Khalilzad, embaixador americano no Iraque

 

"Este domingo representa um importante marco para o Iraque na medida em que o país toma um importante passo para construir uma sociedade livre baseada no Estado de Direito.

 

Ainda que os iraquianos enfrentem dias difíceis nas próximas semanas, virar a página em relação a Saddam e seu regime é uma oportunidade para unir e contruir um futuro melhor."

 

Margaret Beckett, ministra do Exterior britânica

 

"Eu estou satisfeita que Saddam Hussein e outros acusados foram levados à Justiça e tiveram de responder por seus crimes.

Crimes horríveis foram cometidos pelo regime de Saddam Hussein. É certo que as pessoas que são acusadas de tais crimes contra o povo iraquiano respondam por esses crimes.

 

Os veredictos e as sentenças passadas pelo tribunal iraquiano ocorrem ao final de um julgamento durante o qual as provas foram apresentadas e contestadas com o escrutínio da mídia."

 

Jose Luis Rodriguez Zapatero, primeiro-ministro espanhol

 

"Saddam Hussein, como qualquer outro cidadão ou líder político, tem de responder por suas ações, pelo que ele fez durante seu governo.

 

É bem sabido que por muito tempo a União Européia tem sido contra a pena de morte. Obviamente, é uma pena que não é usada por nenhum país do bloco e, é claro, nem pelo nosso."

 

Malcolm Smart, diretor do programa da Anistia Internacional para o Oriente Médio e Norte da África

 

"Obviamente, nós deploramos a pena de morte contra Saddam e seus cúmplices.

 

Nós não acreditamos que o processo tenha sido justo. O tribunal não foi imparcial. Não foram tomados medidas apropriadas para proteger a segurança dos advogados de defesa e de testemunhas.

 

Todo indivíduo tem o direito a um julgamento justo, mesmo pessoas acusadas de crimes da magnitude dos crimes pelos quais Saddam foi julgado, e, portanto, este não foi um julgamento justo."

 

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