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STF

Da periferia da capital do Piauí para o Supremo: a trajetória de Kassio Nunes

É o primeiro representante do Nordeste, desde 2012, e o 6º piauiense a ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.

Da Redação

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Atualizado às 18:45

O desembargador Kassio Nunes Marques está a poucos dias da sabatina no Senado, que irá analisar sua indicação ao STF. O rito está marcado para a próxima quarta-feira, 21. 

 (Imagem: Arte Migalhas/Ascom TRF-1)

(Imagem: Arte Migalhas/Ascom TRF-1)

Kassio é nascido na periferia de Teresina, filho de professores da rede pública e pai de três filhos.

Na infância, junto com os colegas de bairro, jogava bola pelas ruas próximas de sua residência, pavimentadas de forma irregular, ou seguia para o "tapete sujo", nome dado ao campinho de futebol improvisado no bairro.

Nos dias de calor (e nesse aspecto o Piauí não é avarento), Kassio ia, escondido dos pais, nadar no rio Parnaíba, que ficava a 2km de sua casa.

As peraltices da infância forjaram a simpatia e humildade que são símbolos do julgador. 

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Não sem muita luta, os zelosos pais, que trabalhavam em três turnos diários, conseguiram pagar sua educação em um tradicional colégio católico do Estado. 

Tinha o sonho de bacharelar-se em Direito. Concorreu a uma das 70 disputadas cadeiras oferecidas pela prestigiosa Universidade Federal do Piauí, tendo sido aprovado.

Nesse período, as contas pessoais eram pagas com muito esforço e trabalho. À noite, no ônibus que fazia o trajeto da Universidade para casa ia solitário delineando os sonhos do futuro.

Futuro esse que, por mais que ele próprio desenhasse promissor, não imaginava o que o destino lhe reservaria.   

Advocacia

Primeiro advogado de toda sua família, começou a vida jurídica dividindo um escritório com mais dois advogados. Também tinha, vejam só, um carrinho de cachorro-quente para complementar a renda. Mais tarde arriscou-se comprando uma casa lotérica, que ninguém desejava, e que largou nove anos depois, quando sentiu que os assaltos estavam aumentando na região.

E a sorte não estaria mesmo na loteria; era preciso persistir na vida jurídica.

E, de fato, o escritório progrediu e o reconhecimento foi chegando. Em 2006, foi eleito conselheiro seccional da OAB/PI. A inspiração para atuar na carreira pública veio de uma juíza. Com efeito, a primeira magistrada do Piauí, primeira presidente do TJ/PI, e primeira presidente do TRE/PI, Eulália Maria Ribeiro Gonçalves, o incentivou a seguir novos rumos.

Magistratura

Integrou o TRE/PI, na classe dos juristas. Depois, alçando novos horizontes, concorreu para a vaga no TRF-1 destinada aos advogados. Foi o mais votado no Conselho Federal da OAB, tendo sido nomeado em abril de 2011. Chegava, pois, à Capital Federal.

Em Brasília, com um gabinete reconhecidamente organizado, que bem recebia os advogados, destacou-se como judicioso magistrado.

Quando foi eleito para vice-presidência do Tribunal Regional Federal, buscou e logrou êxito em atuar de modo efeciente. Manteve uma média de 600 decisões diárias, seguindo as jurisprudências do STF e orientações para recursos repetitivos do STJ, o que permitiu se debruçar com dedicação aos processos mais complexos.

Supremo Tribunal Federal

Neste ano de 2020, em plena pandemia, coroando uma carreira cheia de vicissitudes, teve a ventura de ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a vaga do STF, aberta com a aposentadoria do ministro Celso de Mello.

Será o primeiro nordestino a ocupar uma cadeira no Supremo desde 2012, quando o ministro Carlos Ayres Britto deixou a Corte. Será, também, o 6º piauiense na história do Supremo.

Que seja, pois, muito bem-vindo. 

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