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Leon Frejda Szklarowsky envia um conto em homenagem aos avós

Da Redação

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Atualizado às 09:33


Dia dos avós

O escritor e advogado Leon Frejda Szklarowsky envia um conto em homenagem aos avós. Veja abaixo.

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VOVÔ LION E VOVÓ GINA

HOMENAGEM A TODOS OS AVÓS DO MUNDO

CENÁRIO

Numa pequena cidade do interior de Goiás, vovô Lion e vovó Gina estão passando o fim de semana, em companhia dos netinhos. Sempre que podem, dão um jeitinho de ir pra lá. A manhã está quente e, por isso, resolveram sentar-se, à beira da piscina. O prédio de apartamentos, com duas soberbas torres, mais parece um clube-hotel, embora não seja. O sol está radiante. Filetes de ouro, raios doirados e quentes ornam a linda cabeça loira da vovó.

O vovô, coitado, quase não tem cabelos, mas os que restam também recebem a visita do deus sol. Que ele não saiba que eu contei isso, senão é capaz de ir embora sozinho, e matar-me de raiva. Ele não é vaidoso. Imagine se fosse!

Os dois - o vovô e a vovó - jogam conversa fora, enquanto a Jessica e o Yuri brincam com outras crianças da mesma idade. Jéssica tem três anos e Yuri, quatro anos bem feitinhos. São lindos e muito espertos. Falam tudo e até pensam!.. Que gracinha! Já estão na escola. A professorinha deles é encantadora.

Yuri tem olhos castanhos, cabelos loiros. É muito peralta. Não para quieto. Até parece que tem alfinetes em seu pequeno corpo. Pula, pula. Pula daqui, pula de lá. Quando menos se espera, está lá ele fazendo das suas. Até parece os personagens do maior e mais famoso escritor de crianças, Monteiro Lobato. Quem não leu seus livrinhos!? Dona Benta, o Visconde... e tantos outros que continuam povoando a mente da gente. Ele criou o mundo de sonhos que ninguém esquece jamais.

E o vô Lion também inventou o reino encantado chamado "O país dos sonhos e das maravilhas", com computador, net e tudo. No mundo de hoje, quem não tem computador fica fora de tudo. É até mais importante que a televisão, porque você próprio comanda tudo. É o dono. É o próprio deus. Viaja para onde quer, fala com quem quer. É a Internet a mais promissora das invenções. Ah, se Monteiro Lobato vivesse agora, do que não seria capaz!

Jessica não fica atrás. Segue o irmãozinho em tudo. Até parecem gêmeos ou clones, mas não são. São apenas parecidos. Muito parecidos. Ela é danada. Fala mais que o papagaio de casa. Apesar de tudo, é muito engraçadinha. É a princesinha do reinado criado pelo vô Lion.

Só disputa lugar com o "nhonhozinho", o cachorrinho lhasa apso, o peludinho amarelo, que vagueia pela casa o tempo todo e fica sempre na janela, olhando os cachorrinhos que passeiam na rua com seus donos ou os cavalinhos. Aí, então, late até não poder mais. Ou, então, fica esperando a tia Márcia. Ele já sabe quando ela chega, com seu possante Fiat uno, novinho em folha. Dá gosto de ver.

Mariazinha, Paulo e Priscila perguntam se podem ficar com eles. Aliás, era exatamente o que desejavam os dois irmãozinhos. Eles gostam da companhia de outras crianças. Detestam a solidão. Não ficam sozinhos por nada, no mundo.

- Vovó, quando você vai voltar pra Brasília?

- Por que esta pergunta, assim de repente, Yuri? Você está com saudade da mamãe Vera? Faz tão pouco tempo que chegamos. A vovó mostra-se surpresa, com a indagação.

- Bem, estou e não estou. Gosto muito de ficar com você e com o vovô Lion, mas...

O vovô faz de conta que não ouve, mas sorri, à toa, escondido, para que ninguém note seu sorriso maroto. Aliás, quem não gosta de ser amado? Só o Pedro Bó, mesmo.

- Mas o que? Você não respondeu direito o que perguntei. Esse negócio de "estou e não estou" não diz nada. Desembucha, logo, rapazinho.

Ele não está nem aí. Acabou de a ver menina dos seus sonhos. O que lhe interessa é mesmo a Priscila, a menininha esbelta, de olhos azuis e tranças loiras. Parece uma boneca.

Passou a brincar com sua amiguinha e a vovó ficou a ver navios. Essas crianças, de hoje em dia!!!!

- Eu sei, porque o Yuri quer voltar já, intromete-se Jessica, com seu trejeito de menina levada, sapeca.

- Ué. Jéssica, você agora advinha os pensamentos de seu irmão? Por acaso, ele lhe disse ou você é mágica?

- Não, vovó, é segredo. Não posso contar. Seus olhos brilham e falam por si só!

- Que é isto, menina, fazendo segredinho, pra mim? Não acredito que você seja capaz disto.

- Por que vó, não posso?

- Não pode, não. Vovó não gosta de ficar pra trás. Você tem que ser leal comigo. Eu não tenho segredinhos com você.

- Não tem, é? E aquele dia que você não quis mostrar o presente que você ia dar para minha mãe? Lembra-se?

- Eu queria fazer uma surpresa, para não perder a graça.

- Viu, vovó? Eu também tenho o direito de fazer surpresa, pra não perder a graça.

- Está bem, Jessica. Desta vez, você ganhou. Mas conte o segredinho. Ninguém mais vai ficar sabendo. Eu juro. Juro, de verdade. Nem o seu avô saberá.

- E se ele ficar sabendo? Daí deixa de ser segredo. Vira bagunça. Igual na escola. A gente conta uma coisa para a amiguinha e pede para ela não falar pra ninguém. Daqui a pouco, todo mundo fica sabendo.

- Então, não era para ser segredo.

- Era, sim.

- Vamos fazer uma coisa. Você conta, só desta vez. Eu guardo segredo. Não digo pra ninguém. Prometo.

- Preciso de tempo pra pensar. Vou falar com o Yuri.

- Espere um pouco. Deixe-me pensar um instante. Quem precisa pensar sou eu. Se não me engano, eu estava falando com o Yuri e ele me perguntou quando íamos voltar pra Brasília. Ele nem esperou a resposta. Foi atrás da Priscila e você, sua sabichona, disse que sabia. Não é verdade?

- Bem, isto é verdade.

- Se você disse que sabia, vai ver era pra me dizer e, portanto, não era segredo. Não é verdade?

- É, você é inteligente.

- Yuri, venha aqui. A vovó quer falar com você agora.

- Eu estou ocupado. Agora, estou conversando com a Priscila.

- Yuri, sua vó está chamando você.

- Tá, bem, Jessica, vou já.

- Yuri, você ia-me dizer por que tem tanta pressa em voltar para Brasília.

- É que...

- O que? Você também vem com essa de segredinho?

- Não, é que... Nós queremos fazer uma surpresa pra você e pro vô. A professora disse que amanhã é dia dos vôs. E nós queremos fazer uma homenagem pra você e pro vovô.

- Bem, se é assim, nós voltamos hoje à noite. Assim, toda a família poderá festejar, com direito a bolos, guaranás, cocas e suco, que é melhor que refrigerante. É mais saudável. Seu avô não toma refrigerante, desde que se operou do estômago, faz seis anos e meio.

- E ele não sente vontade?

- Pergunte a ele. Acho que não. Ele adora suco de laranja e leite. Parece até bezerro. Vive tomando leite, a todo instante.

- Vamos tomar banho, comer qualquer coisa. Vamos sair logo, pra chegarmos a tempo. Onde está a Jéssica? Será que adormeceu?

- Jéssica, onde está você? A vovó disse que vamos embora, pra podermos comemorar o dia dos avós, com toda a família. Ela disse que vai haver bolo, chocolate, coca, velinhas.

- Oba! Será que vai ter muita gente? A gente vai cantar parabéns?

- Se vocês quiserem, podem cantar. Garanto que o vô Lion vai gostar. Ele vai ficar feliz só de saber que os netinhos se lembraram dos avós. Vai ser muito bom.

- Então, vamos? gritam, em coro. O Yuri e a Jessica estão exultantes.

- Sim, senhor Yuri e senhora Jessica. O vô está esperando todo mundo no carro.

- Vamos telefonar pra mamãe Vera, contando que vamos comemorar o dia dos avós?

- Nada disso, Yuri, ela vai ter uma bela surpresa. Crianças, vamos guardar segredinho, até chegarmos?

- Está bem, vó, gritam alegremente.

Elas não vêem a hora de chegar. Enquanto o vô dirige o automóvel, serpenteia a estrada, os meninos adormeceram e nem parece que, em poucas horas, estarão comemorando com toda a família o dia dos avós. É até bom que durmam para ficarem despertos, na festinha que, sem eles saberem, a mamãe Vera e a tia Márcia estão preparando. Com direito a bolos, velinhas, sucos e muita alegria!

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