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Dono da Universidade Potiguar briga na Justiça contra rede internacional com mais de 500 mil alunos em 20 países

Quando as faculdades brasileiras entraram na mira de fundos de investimento e de grupos estrangeiros, o empresário Paulo de Paula, dono de uma das maiores universidades particulares do Nordeste, a Universidade Potiguar, foi procurado para se associar à Laureate, uma rede internacional com mais de 500 mil alunos em 20 países e que já controlava a Anhembi Morumbi, em São Paulo. A oferta, segundo o próprio, era tentadora: ele seria o homem da Laureate no país.

Da Redação

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Atualizado às 08:38


Ameaçada

Dono da Universidade Potiguar briga na Justiça contra rede internacional com mais de 500 mil alunos em 20 países

Quando as faculdades brasileiras entraram na mira de fundos de investimento e de grupos estrangeiros, o empresário Paulo de Paula, dono de uma das maiores universidades particulares do Nordeste, a Universidade Potiguar, foi procurado para se associar à Laureate, uma rede internacional com mais de 500 mil alunos em 20 países e que já controlava a Anhembi Morumbi, em São Paulo. A oferta, segundo o próprio, era tentadora: ele seria o homem da Laureate no país. Diz que ofereceram-lhe um jato para conhecer as faculdades da rede nos Estados Unidos e um jantar no luxuoso restaurante Fasano, em São Paulo, com um banqueiro de investimento que coordenaria uma eventual oferta pública inicial de ações (IPO) da empresa.

Passados dois anos, a sociedade está ameaçada. Paulo de Paula hoje briga na Justiça para tirar os sócios da Laureate do negócio. Enquanto a decisão não sai, ele recuperou em juízo a cogestão da universidade, o que lhe dá o direito de assinar todos os gastos acima de R$ 5 mil. Procurado pelo Estado, que teve acesso a uma ação que corre no STJ, o empresário diz que se sentiu traído. "Aos poucos, eles foram tomando conta geral. Descumpriram o acordo de acionistas e endividaram as escolas sem a minha autorização", afirma Paulo de Paula, que ainda tem 40% da universidade que ele fundou em 1979.

Pelo acordo de venda, Paulo será obrigado a deixar o negócio até 2012. Um dos temores do empresário é que o aumento do endividamento reduza o valor das suas ações na hora da saída. "Eles não são operadores de escola, têm uma cultura de multinacional. Só com consultoria gastaram R$ 600 mil, o que não condiz com o fôlego da empresa", diz.

Segundo a ação, o estopim da briga se deu há quatro meses, quando Paulo de Paula foi avisado pelo diretor de recursos humanos da Laureate que um diretor-geral seria contratado, esvaziando teoricamente a função do empresário.

Procurada, a direção da Laureate informou, em nota, que as alegações do empresário não procedem e que serão devidamente respondidas na Justiça. Segundo os advogados da instituição no caso, Mauro Sampaio e Sérgio Fagundes, a ação que corre no STJ é derivada de uma inicial que corre em segredo de Justiça no Tribunal do Rio Grande do Norte. "No nosso entendimento, ela também está protegida pelo segredo de Justiça", afirmam eles.

O empresário já propôs aos outros sócios brasileiros da Laureate a criação de uma associação de minoritários. O grupo americano, que tem como controlador um dos maiores fundos de participação em empresas, o KKR, é acionista majoritário da Anhembi Morumbi, em São Paulo, da Business School São Paulo, da UniNorte, em Manaus, da Escola Superior de Administração, Direito e Economia (Esade), em Porto Alegre, da Faculdade dos Guararapes, no Recife, e da Faculdade Unida da Paraíba.

Um dos objetivos, além de fazer com que a Laureate cumpra os acordos de acionistas, é denunciar as práticas que vêm sendo adotadas aos ministérios da Educação e da Justiça e ao Senado, e entrar em contato com sócios e ex-sócios da rede fora do País para saber se há experiências parecidas.

Até aqui, Paulo de Paula é o único que apelou à Justiça. Mas isso não significa que os outros estejam totalmente satisfeitos com a sociedade.

O fundador da Anhembi Morumbi, Gabriel Rodrigues, que ainda tem 49% da universidade, diz que está questionando amigavelmente o atraso na entrega do balanço financeiro da Laureate no Brasil - pela legislação brasileira, o documento deveria ser divulgado até abril deste ano, mas até agora ninguém recebeu. "Com sócio novo, sempre há maneiras diferentes de ver as coisas", diz Rodrigues.

Há 45 dias à frente da Laureate, o executivo Manoel Amorim (ex-Ponto Frio) diz que está tentando resolver a questão do balanço e que o documento deve ser publicado na próxima semana. "O descontentamento procede. Mas o que está errado é atribuir à Laureate a função de fazer o balanço", explica Amorim. "A equipe da Laureate aceitou equivocadamente essa responsabilidade, que deveria ser dos administradores das universidades".

RESULTADOS

Quando venderam a Business School São Paulo para a Laureate, há dois anos, os fundadores acertaram que uma parte do pagamento seria atrelada aos resultados de 2008 e 2009. Até agora, não receberam nada. "Os resultados não foram bons. Não ficamos satisfeitos", diz Maurizio Mancioli, um dos ex-sócios.

Segundo fontes do mercado, o número de alunos caiu abruptamente depois que o MBA da Business School - que antes funcionava em um prédio de luxo numa região empresarial, com ar-condicionado e mensalidade de cerca de R$ 2 mil - foi transferido para o prédio da Anhembi, perdendo assim a sua característica de butique.

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Fonte : O Estado de S. Paulo

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