TERMÔMETRO DE REDES

Análise qualitativa realizada a partir de amostragem das publicações online coletadas entre 17h de 09/06 e 10h de 10/06/2019 com a finalidade de analisar a repercussão da divulgação de conversas privadas entre o então Juiz Sergio Moro e Deltan Dallagnol, pelo Intercept.

Menções aferidas: STF e STJ - incluindo seus respectivos ministros, além de Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública. Foram priorizadas as publicações coletadas no Twitter. Em proporções menores, Facebook, YouTube, blogs e portais de notícias também foram contemplados.

MINISTRO Sergio Moro 199.654 menções

Positivo/Neutro

Apesar do volume de menções negativas a Sergio Moro e Deltan Dallagnol ser superior, identificou-se um grupo relevante de defensores do atual Ministro e, principalmente da Operação Lava Jato. Com o uso da hashtag #EuApoioaLavaJato, que somou mais de 9.700 menções, usuários e figuras políticas e públicas como Carla Zambelli (PSL) demonstraram apoio a Sergio Moro e à condução da operação.

Dentre as menções coletadas no período, duas principais narrativas de defesa foram identificadas:

- Questionamento sobre a divulgação ilegal de conversas privadas, com informações publicadas com procedência duvidosa e a não oportunidade de contraditório por parte dos envolvidos. Esse argumento tem sido recorrente com o compartilhamento do tweet vereador Leandro Lyra (NOVO), com mais de 1.180 RTs no momento da coleta. Nesse sentido, também identifica-se a justificativa da forma com a qual Moro conduziu outras acusações, como exemplo da divulgação de áudios da ex-presidente Dilma Rousseff, por ser uma informação obtida para fins de investigação e não de forma ilícita como foi o caso apresentado pelo Intercept.

- Apoio ao Juiz Sergio Moro por todo o seu feito pela nação, por seu comprometimento com a transparência, após sua declaração sobre o caso. Nesse argumento, identifica-se uma mudança na abordagem, destacando o crime cometido pelo hacker e o verdadeiro problema ser o esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato. Usuários também têm agradecido Moro pelo combate à corrupção e revelação da “estrutura criminosa do PT”, afirmando que agora existem provas para a condenação de Lula.

Negativo

Por outro lado, devido ao teor das mensagens divulgadas e a repercussão do caso nas redes, a maior parte das menções analisadas no período foram negativas para o Ministro Sergio Moro e para o Procurador Deltan Dallagnol. As hashtags #VazaJato e #VazaAJato somaram mais de 49.695 menções.

No período analisado, foram identificados 3 principais grupos críticos a Sergio Moro:

- A repercussão da Imprensa Online sobre o caso, que, mesmo com uma perspectiva jornalística, revelam as conversas em uma forma pejorativa sobre uma suposta “atuação antiética” e com “motivações políticas” dos investigadores.

- O segundo grupo identificado é de usuários que questionam a parcialidade e a interferência da atuação do então Juiz Sergio Moro junto com Dallagnol, nos processos da Lava Jato. Como destaque de porta-voz dessa linha argumentativa, destaca-se o jornalista Reinaldo Azevedo que teve o seu nome mencionado por Deltan Dallagnol nas conversas divulgadas. Azevedo questiona em seus tweets o “esgotamento moral da condenação sem provas” e a utilização de “crimes para combater crimes”. Usuários também retomam a condução de outras acusações de Moro, questionando a divulgação ilícita de conversas privadas para fins políticos, como no caso dos áudios da ex-presidente Dilma Rousseff. Nesse grupo, identifica-se uma cobrança de atuação da justiça, com o envolvimento do STF, ao mesmo tempo que questionam se a justiça brasileira atuaria de forma isenta no julgamento do caso.

- A terceira narrativa destacada é a de defesa do ex-presidente Lula, com o argumento de que sua prisão foi resultado de uma motivação política e de que a Lava Jato manipulou os processos contra Lula. Nesse grupo, existe uma cobrança da revisão da condenação do ex-presidente e de outros processos, destacando a repercussão de publicações como de Gleisi Hoffmann (PT) e de Áurea Carolina (PSOL), que acusam uma “conspiração contra a democracia brasileira”.